quarta-feira, 1 de abril de 2015

Dócil e útil criatura




O jumento é um animal que está presente em quase todo o planeta, exceto em lugares mais frios. É famoso por sua grande capacidade de resistência física. É de porte menor, quando comparado com o cavalo, mais baixo, menos imponente. É um animal dócil, inteligente e dotado de grande senso de sobrevivência. 

Animal muito utilizado para o transporte de cargas e para tração, mas que também pode transportar pessoas. Foi e ainda é muito utilizado no Brasil, principalmente pelo povo nordestino. No Nordeste é muito respeitado, ao ponto de Luiz Gonzaga render-lhe homenagens através da canção “Apologia ao Jumento” onde eleva o quadrúpede à condição de irmão: “O jumento é nosso irmão, quer queira, quer não.”

Na história do povo da Bíblia o jumento é várias vezes citado, seja no Antigo, como no Novo Testamento, certamente por sua importância no serviço às pessoas. A palavra jumento aparece 93 vezes em todo o Texto Sagrado, enquanto o diminutivo jumentinho, 14.

De todas essas vezes em que o nome do animal é mencionado, destaco dois episódios. O primeiro, quando Sansão apanhou uma queixada de jumento, e com ela feriu mil homens em batalha (Juízes 15, 15), pouco antes de apaixonar-se por Dalila, que foi a responsável por cortar seus cabelos e entregá-lo aos filisteus. O segundo, quando Jesus entrou triunfante em Jerusalém, conforme relatam os quatro Evangelhos, no Domingo antes de sua Paixão, Morte e Ressurreição. Nos nossos dias, celebramos a memória deste acontecimento na Festa do Domingo de Ramos.

O jumento é o animal símbolo da paz. Certamente se tivesse Jesus ingressado em Jerusalém montado num cavalo, animal utilizado em batalhas, o povo compreenderia como sinal da chegada de um Messias guerreiro, que com o uso da violência libertaria o povo judeu. Quando ao contrário, Jesus foi o servo sofredor, que sobre si tomou toda a nossa culpa (Isaias 53).

Lucas (19, 30-38) relata que sobre o jumentinho montado por Jesus foram colocados mantos, assim como por onde o jumento passava igualmente mantos foram lançados pelo caminho. O povo todo tomado de alegria, louvava a Deus e aclamava por todo o percurso. João (12, 13) acrescenta que a multidão acenava com ramos de palmas.

Era o jumento que caminhava coberto pelo manto. Foi ele que pisou no caminho feito com mantos e ramos (Marcos 11,8). Por onde passava o povo acenava com os galhos. Mas nada disso era para o dócil animal. Tudo era para Jesus.

Assim também nós, revestidos pela graça de Deus, caminhando sustentados por sua fidelidade, não devemos nos esquecer de agir como o jumentinho, que com a cabeça voltada para baixo (num gesto de humildade), transportou Jesus ao encontro de outras pessoas. Sem se apropriar da gloria e da honra que são de Cristo, foi útil ao Senhor. Que bom seria se cada cristão também fosse instrumento capaz de apresentar  Jesus aos seus irmãos.
   

Jeandré C. Castelon


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