sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Dignidade da pessoa humana






O Papa Francisco, no parágrafo 273 da Exortação Apostólica Amoris Laetítia destaca que: “Quando se propõe os valores, é preciso fazê-lo pouco a pouco, avançar de maneira diferente segundo a idade e as possibilidades concretas das pessoas, sem pretender aplicar metodologias rígidas e imutáveis. A psicologia e as ciências da educação, com suas valiosas contribuições, mostram que é necessário um processo gradual para se conseguir mudanças de comportamento e também que a liberdade precisa de ser orientada e estimulada, porque, abandonando-a a si mesma, não se garante a sua maturação. A liberdade efetiva, real, é limitada e condicionada. Não é uma pura capacidade de escolher o bem, com total espontaneidade (...)”.

Conheço uma instituição que ajuda pessoas que não têm condições de suprir suas próprias necessidades, auxiliando-as com roupas, alimentação e até mesmos promovendo alguns cuidados com a higiene pessoal. Essa instituição também recolhe alguns moradores de rua em situação de maior vulnerabilidade e lhes oferece moradia e uma nova chance na vida, muitas vezes até encaminhando a pessoa para um trabalho, devolvendo sua dignidade de forma total, sendo feito ainda, todo um acompanhamento de ordem espiritual.

Referida entidade beneficente recebe doações, e necessita principalmente de alimentos e produtos de limpeza. Se algum item sobrar eles encaminham para outro local, onde eventualmente estejam precisando. Nada se perde.

Visitei o local algumas vezes. O almoço é servido diariamente. Até fui convidado uma vez para almoçar com eles. Levei alguns alimentos e produtos de higiene pessoal. O local é alugado, se eles não receberem doações também em dinheiro não há como arcar com as despesas de manutenção.

Em uma certa visita descobri que muitos jovens participam do movimento, ajudam em algumas atividades e inclusive em campanhas contra as drogas. Alguns dos jovens simplesmente “emprestam seus ouvidos” e escutam as histórias daquelas pessoas vulneráveis. Todos eles têm muito a contar, todos eles têm muitas histórias, normalmente trágicas, mas que podem ter um final feliz.

Cada pessoa atendida pela instituição é filha de alguém, pode ter irmãos, alguns têm filhos que infelizmente foram abandonados, ou seja, normalmente possuem algum parente em melhores condições de vida. É comum que o contato com os vícios tire a pessoa do convívio familiar. Por isso é importante que além do cuidado que os voluntários da instituição dedicam a cada uma das pessoas atendidas, que busquemos resgatar valores familiares, principalmente no que se refere ao afeto, ao carinho com os nossos entes queridos, aos estudos e ao trabalho, fortificando cada vez mais laços familiares. Certamente se tivermos famílias melhor estruturadas, também teremos menos pessoas abandonadas e vivendo nas ruas.

Importante salientar que muitos dos que vivem nas ruas não estão lá por livre escolha. Alguns foram abandonados ainda quando crianças, outros são prisioneiros de algum vício. Mas todos são vulneráveis, vivem em condições degradantes, todos são seres humanos, assim como eu sou.

Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar
  

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

É nas pequenas ações que está a nossa força





Tenho aproveitado duas frases de Madre Teresa de Calcutá para motivar-me na consecução de determinados projetos.  São elas: “se você não puder alimentar cem pessoas, alimente pelo menos uma”; e, “não espere por grandes líderes, faça você mesmo, pessoa a pessoas. Seja leal às ações pequenas porque é nelas que está a sua força”.

É certo que uma pequena boa atitude pode parecer ínfima em meio a tantas adversidades que afligem o ser humano.

É certo também que há pessoas que possuem talentos superiores aos nossos e desenvolvem trabalhos muito mais expressivos. Porém, toda a boa atitude é importante. Deus concede a cada um, por sua graça, dons que podemos colocar à serviço de outras pessoas. Todos nós temos talentos, alguns mais outros menos, o que não podemos fazer é enterrá-los, escondê-los, assim como fez o servo inútil na Parábola dos Talentos (Mt 25, 14-30).

Por mais insignificante que possa parecer aquilo que você faz, por menor que pareçam os efeitos de suas obras, continue fazendo mesmo assim, o mundo precisa de gente que multiplique boas ações, pessoa a pessoa. Seja fiel no pouco e Deus te confiará mais.  

Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar 

Imagem: goo.gl/6J1nTc

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Oração de um pecador


1. Quando eu me encontrar com Deus, espero que no Céu haja festa. Que Jesus me receba com um sorriso. Pois assim está escrito: haverá maior jubilo no Céu, pelo pecador arrependido. (Lc 15, 7).

2. Na hora do juízo, que Maria esteja ao meu lado, pois, reiteradamente, tenho sempre rezado: “Santa Maria mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.
Também o meu anjo da guarda, permaneça comigo, pois sempre me acompanha, desde a concepção.

3. Que todos eles, fortalecidos pelas preces dos Santos e Anjos, clamem a Deus por piedade.
Apresentem a Deus, a minha defesa, minhas ínfimas e escassas “boas obras” (Ap, 14, 13).

4. As minhas obras Senhor, não são suficientes para eu receber a vida eterna. Por isso, rogo a Jesus (prodigioso advogado) que interceda junto ao Pai, e a minha incompleta medida seja saciada por sua clemência e misericórdia. 

5. Preencha-me Senhor e consinta que eu faça parte do Seu celestial Reino.

6. Ainda, meu Pai, permita meu atrevimento, suplico que estenda a Sua graça à minha família (minha esposa, meus filhos, todos os demais parentes e amigos), e se cumpra o que Paulo e Silas proferiram ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa (At. 16, 31).


7. Louvado seja Senhor: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Jeandré C. Castelon



terça-feira, 19 de setembro de 2017

Tu és Pedro




Pedro e seu irmão estavam pescando quando foram avistados por Jesus. Lançavam suas redes mas acabaram sendo fisgados: “vinde após mim e vos farei pescadores de homens”, disse-lhes Jesus. Corajosamente atenderam ao chamado e o seguiram.

Foi Pedro que avistando Jesus caminhar sobre as águas pediu para ir junto a ele. Jesus respondeu: “Vem”. Então, Pedro saiu da barca e caminhou ao seu encontro. Porém, ao primeiro sopro do vento, teve medo e começou a afundar, clamando por socorro. Prontamente Jesus estendeu sua mão e o segurou, impedindo que afundasse. “Homem de pouca fé, por que duvidardes?”, questionou-lhe Jesus.

Pedro foi o primeiro a reconhecer que Jesus é o Cristo. Jesus declarou: “tú és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mas Pedro, logo em seguida foi severamente advertido pelo Senhor, ao ponto de ser chamado de “satanás”, pois pensava como os homens e não entendia naquele momento os desígnios de Deus.

Em outro momento, Pedro teve dúvidas e arguiu Jesus: “eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?”.

Pedro, após trabalhar a noite toda sem nada pescar, por obediência às palavras de Jesus, lançou novamente as redes e apanharam peixes em grandíssima quantidade, a ponto de a rede começar a se romper. “Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. Pedro sabia que Jesus era o Messias e reconhecia-se indigno de estar na presença de Deus. Jesus o consolou, dizendo que não deveria ter medo e que doravante seria “pescador de homes”.

Após o discurso sobre o “Pão da Vida” (João 6), Pedro permaneceu com Jesus, embora muitos dos discípulos o terem abandonado, pois sabia que não havia outro lugar para ir, porque somente o divino mestre tem palavras de vida eterna.

Foi Pedro que armado com uma espada, decepou a orelha do servo do sumo sacerdote. No mesmo capítulo (João 18), amedrontado, Pedro negou Jesus três vezes antes que o galo cantasse.

Em resumo: Pedro declarou que era pecador; teve dúvidas; foi violento ao ferir um homem; precisou ser severamente advertido por Jesus; ao primeiro vento, teve medo e começou a afundar; negou Jesus três vezes. Pedro fez tudo isso e muito mais. Pedro era humano, tinha defeitos e qualidades, assim como todos nós! Mesmo tendo feito tudo isso, foi o primeiro a reconhecer a divindade de Cristo e a segui-lo; foi eleito pescador de homens; sobre ele Jesus edificou a sua Igreja; Pedro, ao contrário de muitos discípulos, sabia que somente Jesus é o caminho para a vida eterna; Pedro foi o primeiro Papa; canonizado, é reconhecidamente santo!

De tal modo são os homens que aderem ao chamado de Cristo, muitas vezes sentem medo, são fracos, vacilam, as vezes não conseguem seguir irrepreensivelmente os ensinamentos do mestre, são humanos, são falhos, assim como você e eu, assim como foi Pedro. Pedro fez tudo o que fez, coisas boas e outras nem tanto, mas nunca deixou de trilhar os caminhos de Jesus, consumindo sua vida em prol da mensagem evangélica, a ponto de ser martirizado, crucificado de cabeça para baixo, porque não se considerava digno de morrer da mesma forma que seu redentor.

Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar



terça-feira, 5 de setembro de 2017

A Bíblia é mais que um livro



Na verdade, é uma coleção com muitos volumes, uma verdadeira biblioteca, que contempla 73 livros, 46 pertencem ao Antigo Testamento e 27 são Neotestamentários.

A Bíblia começou a ser escrita a mais de 3.000 anos atrás, tendo seu último livro redigido por volta do ano 100 d.C., ou seja, durante um período superior a 1.000 anos.

Embora a Sagrada Escritura tenha sido escrita num lugar muito diferente de onde estamos, há séculos atrás, dentro de uma cultura diferente da nossa, a Palavra é viva e se atualiza até os dias atuais e por toda a eternidade. É claro que para um melhor entendimento, o auxílio do magistério é importante para a análise do texto, em seu contexto, com o fim de se evitar interpretações equivocadas.

Recomenda-se a leitura diária de trechos da Bíblia. Desde 1971, no mês de setembro, celebra-se o “Mês da Bíblia”, oportunidade privilegiada para a leitura e o estudo das Sagradas Escrituras.


E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra. (2 Timóteo 3, 15-17)


Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. (Hebreus 4, 12)


Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica 


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Triste e alarmante realidade


Em sua maioria, os estupros são cometidos por parentes, amigos da família ou conhecidos da vítima, representando cerca de 70% dos casos. Ironicamente, sob igual cifra, crianças e adolescentes representam 70% das vítimas desse crime hediondo. Especialistas apontam que: “as consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”. Tudo isso, segundo dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Os efeitos desta violenta agressão quando praticada contra vítimas do sexo feminino (89% das ocorrências), não raras vezes culmina com uma gravidez, que pode ser interrompida através de um aborto legal/descriminalizado, custeado pelo SUS.

As campanhas pró-aborto têm se tornado cada vez mais contundentes, para todo e qualquer situação onde a gestante opte por interromper a “indesejada” gravidez, principalmente durante as primeiras semanas de gestação, com as despesas médicas pagas pelo governo.

A impressão que tenho é que atacam a “consequência” e nada ou muito pouco é feito para combater a “causa”. Descriminalizar totalmente o aborto não irá diminuir o número de estupros, talvez até contribua para o alívio da doentia consciência do agressor.

É baixo o número de casos de violência sexual que chegam ao conhecimento das autoridades e ainda menor quando a vítima é do sexo masculino. O constrangimento da vítima é inegável, principalmente porque em muitas situações é tratada pela sociedade como se fosse corresponsável pela violência que sofreu.

O aborto não é a solução para o combate à violência sexual. Não se corrige um crime punindo outro inocente, neste caso o bebê. É preciso que as vítimas sejam tratadas com total amparo psicológico e principalmente de forma digna e respeitosa. É preciso que parentes não protejam o agressor, que como dito, muitas vezes pertence ao âmbito familiar. É preciso que se invista em segurança, em educação, e até mesmo que se resgate valores familiares. A família tradicional é constantemente bombardeada como se fosse uma ferida que precisasse ser urgentemente cauterizada. Muitos não se dão conta de que uma família bem estruturada, amorosa e com valores sólidos, contribuirá de forma positiva em todos os seguimentos da sociedade.  

Para concluir, relato o caso real de uma moça, que depois de muitos anos sendo abusada pelo próprio pai, relatou-me que com a ajuda de um parente denunciou ser vítima de estupro, mas precisou sair de casa, porque sua mãe queria que a mesma dissesse às autoridades que tudo não passava de “um mal-entendido”, para que pudessem “ser uma família de novo”, como se isso apagasse todos os traumas físicos e psicológicos causados pelo pai-estuprador. A mãe sabia de tudo, mas nunca fez nada pela filha. Não sei como foi o desfecho deste triste liame. Quanto a referida moça, nunca mais eu a vi.

Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar

Imagem: goo.gl/4V5VB8

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Algumas citações da Santa Madre Teresa de Calcutá



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Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)


Se você não puder alimentar cem pessoas, alimente pelo menos uma.
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Não podemos mostrar a Cristo nosso amor, porque não podemos vê-Lo. Mas diariamente encontramos nossos vizinhos - podemos fazer por eles o que gostaríamos de fazer por Cristo.
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O amor, para ser verdadeiro, tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos machuque.
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Dê ao mundo o melhor de você. Mas isso pode não ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo. Veja você que, no final das contas, é tudo entre VOCÊ e DEUS. Nunca foi entre você e os outros.
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Quando uma mãe pode matar seu próprio bebê, o que resta da civilização para ser salvo?
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Um país que aceita o aborto não está a ensinar os seus cidadãos a amar, mas a usar a violência para obterem o que querem. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto.
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As pessoas boas merecem nosso amor; as pessoas ruins, precisam dele...
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A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.
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Meu segredo é simples; eu rezo!
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Se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é que nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?
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A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.
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Deus não me chamou para fazer sucesso, mas pare ser fiel.
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A nossa vida, para que seja rica em frutos, deve encher-se de Cristo; para poder comunicar paz, alegria e amor, devemos tê-los dentro de nós, porque ninguém dá o que não tem.
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As pessoas mais felizes nem sempre têm o melhor de tudo. Somente, tiram o melhor de tudo o que encontram em seu caminho.
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Seja fiel nas pequenas coisas porque é nelas que mora a sua força.
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Eis porque o aborto é um pecado tão grave: não somente se mata a vida, mas nos colocamos acima de Deus; os homens decidem quem deve viver e quem deve morrer.
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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Cada passo é importante



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           Para que tenhamos a vida transformada é preciso que nos esforcemos para isso, mesmo que os esforços pareçam inúteis diante de tantas dificuldades que podem vir a suceder. Não devemos desanimar, continuemos caminhando.

“Lembremo-nos de que um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida extremamente correta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades” (Papa Francisco - AL 305).

Por maior que seja a dificuldade que tenhamos de enfrentar, cada passo dado para vencê-la, por menor que seja, impulsiona-nos para um novo recomeço.

Não existe pessoa perfeita. Quando muito, há aqueles que se reconhecem limitados, mas mesmo assim não desistem de lutar. Todo passo dado para fora da lama é um passo a mais em direção à terra firme.

Nem todos os dias serão de vitória, nem todos os dias serão especialmente alegres. Para que a felicidade seja plena, os obstáculos deverão ser superados. Não nos esqueçamos de que todo o pequeno passo é importante, não há razão para desistirmos, Deus está conosco.


Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar


Imagem: goo.gl/fq6XQf

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A família na Bíblia


O Papa Francisco destaca no capítulo I da Exortação Apostólica “Amoris laetitia”, que a Bíblia fala de família do início ao fim, desde Adão e Eva, até as núpcias da Esposa e do Cordeiro. O Salmo 127(128), canta a alegria de uma família que constrói sua casa sobre a rocha, embora haja muitas que estão firmadas sobre a areia.

A partir da Bíblia o Papa tece comentários sobre a figura do homem e da mulher, criados por Deus, à sua imagem, unidos numa só carne, capazes de gerar vida. Esta comunhão de pessoas reflete a imagem da união entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O Papa cita inúmeros episódios bíblicos de sofrimento, que prejudicam a vida da família, traçando um paralelo com as realidades atuais.

Francisco diz que: "... a Palavra de Deus não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do cominho, ...“ (AL 22).

"A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito" (AL 29).

Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar



quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Como uma criança

Na época de Jesus as crianças não tinham qualquer importância social. O menino ao completar 13 anos se torna “filho do mandamento” (Bar Mitzvah), e é considerado um homem a partir de então; na Sinagoga, pela primeira vez fará a leitura das Sagradas Escrituras. A menina atinge sua maturidade aos 12 anos de idade (Bat Mitzvah: “filha do mandamento”). Antes desta idade, os pais são os responsáveis pelos atos de seus filhos.

Durante os primeiros cinco anos de vida a criança ficava com a sua mãe, e a acompanhava durante todo o dia e em todos os afazeres. Depois dos 5 anos o menino passava aos cuidados do pai, que deveria educá-lo na fé e para o trabalho, transmitindo o seu oficio. As meninas permaneciam acompanhando a mãe, aprimorando a prática das atividades que lhes correspondiam na época. Ente os 7 e 13 anos o menino frequentava a escola da sinagoga. Não eram todos os que tinham acesso a uma formação posterior mais avançada, assim como teve Paulo, que frequentou a escola farisaica de Gamaliel (Atos 22,3).  Às meninas não era permitido o estudo formal.

O Livro dos Provérbios cita em algumas de suas passagens a importância do filho honrar seus pais, sendo que este dever é inclusive um dos mandamentos do Decálogo (Os Dez Mandamentos). Cita também o dever dos pais em bem educar seus filhos, como no capítulo 22, versículo 6: “educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”.

Jesus eleva as crianças a um patamar superior, conferindo-lhes especial importância, como se verifica em Mateus 19 e Lucas 18, na passagem onde diz aos discípulos para não afastarem as crianças de sua presença: “deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham”.

Identifica-se, portanto, duas condições imprescindíveis aos adultos, quais sejam, o dever dos pais de bem educar os filhos e a importância dos filhos não se tornarem autossuficientes e virem a desprezar seus pais.

Acredito que espiritualmente é importante sermos como uma criança, dependentes e entregues aos cuidados do Pai.

Jeandré C. Castelon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar


quarta-feira, 28 de junho de 2017

A Doutrina Social da Igreja no Catecismo da Igreja Católica



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Doutrina Social da Igreja

Imagem: https://goo.gl/e1yEiv


Todos os parágrafos constam no Catecismo da Igreja Católica - CIC

2419. «A Revelação cristã conduz [...] a uma inteligência mais penetrante das leis da vida social» (160). A Igreja recebe do Evangelho a revelação plena da verdade acerca do homem. Quando cumpre a sua missão de anunciar o Evangelho, a Igreja atesta ao homem, em nome de Cristo, a sua dignidade própria e a sua vocação para a comunhão das pessoas, e ensina-lhe as exigências da justiça e da paz, conformes à sabedoria divina.

2420. A Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e social, «quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigem» (161). Na ordem da moralidade, ela exerce uma missão diferente da que concerne às autoridades políticas: a Igreja preocupa-se com os aspectos temporais do bem comum em razão da sua ordenação ao Bem soberano, nosso fim último. E esforça-se por inspirar as atitudes justas, no que respeita aos bens terrenos e às relações socioeconômicas.

2421. A doutrina social da Igreja desenvolveu-se no século XIX aquando do confronto do Evangelho com a sociedade industrial moderna, as suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, o seu novo conceito de sociedade, de Estado e de autoridade, as suas novas formas de trabalho e de propriedade. O desenvolvimento da doutrina da Igreja em matéria econômica e social comprova o valor permanente da doutrina da mesma Igreja, ao mesmo tempo que o verdadeiro sentido da sua Tradição, sempre viva e ativa (162).

2422. O ensino social da Igreja inclui um corpo de doutrina que se vai articulando à medida que a mesma Igreja interpreta os acontecimentos no decurso da história à luz do conjunto da Palavra revelada por Cristo Jesus, com a assistência do Espírito Santo (163). Este ensino torna-se tanto mais aceitável para os homens de boa vontade, quanto mais inspira o procedimento dos fiéis.

2423. A doutrina social da Igreja propõe princípios de reflexão, salienta critérios de julgamento e fornece orientações para a ação:
Todo o sistema, segundo o qual as relações sociais forem inteiramente determinadas pelos fatores econômicos, é contrário à natureza da pessoa humana e dos seus atos (164).

2424. Uma teoria que faça do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade econômica, é moralmente inaceitável. O apetite desordenado do dinheiro não deixa de produzir os seus efeitos perversos e é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social (165).
Um sistema que «sacrifique os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à organização coletiva da produção», é contrário à dignidade humana (166). Toda a prática que reduza as pessoas a não serem mais que simples meios com vista ao lucro, escraviza o homem, conduz à idolatria do dinheiro e contribui para propagar o ateísmo. «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24; Lc 16, 13).

2425. A Igreja rejeitou as ideologias totalitárias e ateias, associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou ao «socialismo». Por outro lado, recusou, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano (167). Regular a economia só pela planificação centralizada perverte a base dos laços sociais: regulá-la só pela lei do mercado é faltar à justiça social, «porque há numerosas necessidades humanas que não podem ser satisfeitas pelo mercado» (168). É necessário preconizar uma regulação racional do mercado e das iniciativas econômicas, segundo uma justa hierarquia dos valores e tendo em vista o bem comum.

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Citações:

160. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 23: AAS 58 (1966) 1044.
161. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 76: AAS 58 (1966) 1100.
162. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 3: AAS 83 (1991) 794-796.
163. Cf. João Paulo II, Enc. Sollicitudo rei socialis, 1: AAS 80 (1988) 513-514; Ibid., 41: AAS 80 (1988) 570-572.
164. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 24: AAS 83 (1991) 821-822.
165. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 63: AAS 58 (1966) 1085; João Paulo II, Enc. Laborem exercens, 7: AAS 73 (1981) 592-594: Id., Enc. Centesimus annus, 35: AAS 83 (1991) 836-838.
166. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 65: AAS 58 (1966) 1087.
167. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 10: AAS 83 (1991) 804-806; Ibid., 13: AAS 83 (1991) 809-810; Ibid., 44: AAS 83 (1991) 848-849.
168. João PauloII, Enc. Centesimus annus, 34: AAS 83 (1991) 836.


Imagem: https://goo.gl/1YJ2UP

Alimento para os mais pobres



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Acredito que, mais do que um dever como cidadão, o cuidado para com os mais pobres é um chamado de Deus dirigido a todas as pessoas que possuem condições econômicas, suficientes para a manutenção de sua família e para praticar obras de caridade. Trago sempre na memória um trecho da Carta de Tiago, onde no segundo capítulo, o hagiógrafo declara que a fé sem obras é morta.

“De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras (Tg 2, 14-18).

Dito isso e tomando como base o texto bíblico, é de suma importância que aqueles que possuam alguma coisa, dividam como aquelas que nada têm, mesmo que seja pouco, certamente será suficiente para amenizar, ainda que momentaneamente, uma situação de penúria. É claro que se possível devemos promover os meios necessários para que o indigente melhore sua condição e tenha meios próprios para promover o seu sustento; contudo, “muitas vezes se você não der o peixe ao pobre, ele morrerá de fome muito antes de aprender a pescar”.

Segundo relatórios da ONU, uma pessoa morre no mundo a cada três segundos por causa da fome, o que equivale a 20 pessoas por minuto, 1.200 pessoas por hora e 28.800 pessoas por dia perecendo por falta de alimento. Em contrapartida, estima-se que 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado.

Precisamos partilhar e acabar com o desperdício, fazer chegar o alimento ao faminto. Mesmo que pareça pouco o que podemos fazer, a longo prazo, progressivamente, o resultado será expressivo. É imprescindível toda e qualquer ação de boa-fé em prol dos mais necessitados.

A caridade é mais gratificante para quem a pratica do que para quem a recebe. Infelizmente o ser humano de maneira geral é pouco generoso, inclusive eu. Não é fácil superarmos as barreiras do egoísmo e da falta de caridade, se assim fosse, não haveria fome no mundo. Partilhar é dom de Deus, peçamos a Ele este dom.

“Se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno” (Isaías, 58, 10).  


Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar

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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Martinho Lutero e a Theotókos: Mãe de Deus


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Foi Martinho Lutero que em 1517 deu início à Reforma Protestante, rompendo seus laços com a Igreja Católica. É fato que antes dele aconteceram outras divisões dentro da Igreja que até hoje permanecem, contudo, muito mais ligadas a questões de etnia - especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua e nos costumes -,  como por exemplo a que deu origem à Igreja Maronita no Líbano (com a instituição do Patriarcado próximo do ano 700 d.C.), assim como outras Igrejas de rito oriental, em plena comunhão com a Sé Apostólica, reconhecendo a autoridade do Papa, o líder da Igreja Católica Apostólica Romana. Os protestantes, embora respeitem o Papa como uma importante figura pública, não estão sujeitos à sua autoridade.

Talvez a maior divergência doutrinal existente entre católicos e protestantes diz respeito à interseção e veneração dos santos, que não tem nada a ver com adoração, sendo essa reservada somente à Deus. Outra grande divergência diz respeito ao dogma de “Maria Mãe de Deus”, a Theotókos, solenemente proclamado no Concílio de Éfeso realizado em 431; foram refutados os argumentos de Nestório que defendia ser Maria apenas a mãe do Jesus humano. Nestório tinha dificuldade de compreender que Jesus possui duas naturezas, a divina e a humana, que não se confundem, mas estão unidas na única pessoa do Filho de Deus, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC) resumidamente nos parágrafos de 479 a 483.

Também, segundo a tradição, foi durante o Concílio de Éfeso que surgiu a segunda parte da oração da Ave-Maria: “santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.  Embora haja aqueles que defendem que a segunda parte da Saudação Angélica somente teria sido agregada após o Concílio de Trento (1545-1563). Particularmente, gosto mais da primeira versão.

Embora os protestantes professem que Maria seria somente a mãe de Jesus enquanto homem, o próprio Lutero, pai do protestantismo, reconheceu que Maria é a mãe de Deus, em sintonia com o que ensina a Igreja Católica. Vejamos o que diz, respectivamente, os parágrafos 479 e 495 do Catecismo da Igreja Católica:

“No tempo estabelecido por Deus, o Filho Unigénito do Pai, a Palavra eterna, isto é, o Verbo e imagem substancial do Pai, encarnou. Sem perder a natureza divina, assumiu a natureza humana”.


“Denominada nos Evangelhos "a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe de meu Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)”.

Para aqueles que possam ter dúvidas, cito apenas um dos trechos do livro “Magnificat – O louvor de Maria” escrito por Martinho Lutero em 1522 e disponível para compra no Brasil, onde ele identifica Maria, inúmeras vezes, como a “Mãe de Deus”:

Portanto, a santa mãe de Deus quer dizer o seguinte com essas palavras: nada de todas essas coisas e grandes bens é meu. Aquele que é o único que faz todas as coisas e cujo poder exclusivo atua em tudo fez essas grandes coisas. ... (p. 49).

Portanto, Lutero acreditava e professava que Maria é a Theotókos, ou seja, a Mãe de Deus. Em algum momento da história, provavelmente fruto da divisão existente entre as centenas de milhares de denominações protestantes, penso eu, passaram a professar que Maria, mãe de Jesus – verdadeiro homem e verdadeiro Deus – somente seria mãe do Verbo encarnado, enquanto homem, separando a indivisível unidade de suas duas naturezas, humana e divina, separação que nunca foi aceita pela Igreja Católica e pelo ex-monge agostiniano devoto de Nossa Senhora.

Jeandré C. Castelon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar



Capa e trecho do Livro "Magnificat - O Louvor de Maria" escrito por Martinho Lutero


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