quarta-feira, 25 de maio de 2016

Resumo da Exortação Apostólica publicada em 08.04.2016 pelo Papa Francisco, sobre "O AMOR NA FAMÍLIA"






“Amoris laetitia” - A alegria do amor


Estrutura:
A exortação é composta por uma pequena introdução e mais IX capítulos, compreendendo 325 parágrafos, terminando com uma Oração à Sagrada Família


Capítulos:

- A alegria do amor
- Capítulo I: À LUZ DA PALAVRA
- Capítulo II: A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS (problemas atuais)
- Capítulo III: OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA (doutrina da Igreja sobre o matrimônio)
- Capítulo IV: O AMOR NO MATRIMÔNIO (aspectos amplos e concretos)
- Capítulo V: O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO
- Capítulo VI: ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS
- Capítulo VII: REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
- Capítulo VIII: ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE
- Capítulo IX: ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR


Introdução: A alegria do amor [1-7]

O Papa agradeceu todas as contribuições recebidas durante o sínodo, sobre as diferentes realidades presentes no mundo.
A Exortação aborda variados temas:
- Palavra de Deus;
- situação atual da família;
- doutrina da Igreja;
- dois capítulos centrais falam de amor familiar;
- caminhos pastorais;
- misericórdia;
- discernimento pastoral em situações que não correspondem plenamente à vontade de Deus;
-  espiritualidade familiar.
Apesar da crise, destaca o Papa, o desejo pela família permanece vivo, principalmente entre os jovens, e isso alegra a Igreja.
Ressaltou a importância do matrimônio.
Pediu unidade e fidelidade à Igreja.


Capítulo I: À LUZ DA PALAVRA [8-30]

A Bíblia fala de família do início ao fim, desde Adão e Eva, até as núpcias da Esposa e do Cordeiro (Ap. 21, 2.9). O Salmo 127(128), 1-6, canta a alegria de uma família que constrói sua casa sobre a rocha, embora haja muitas que estão firmadas sobre a areia.
A partir da Bíblia o Papa tece comentários sobre a figura do homem e da mulher, criados por Deus, à sua imagem, unidos numa só carne, capazes de gerar vida (filhos). Esta comunhão de pessoas reflete, a imagem da união entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O Papa cita inúmeros episódios bíblicos de sofrimento, de maldades, de violências, que dilaceram a vida da família prejudicando sua comunhão de amor.
Francisco diz que: "... a Palavra de Deus não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do cominho, ...“ (22).
"A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito." (29)


Capítulo II: A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS [30-57]

É preciso olhar para a realidade atual da família, permanecendo fiel aos ensinamentos de Cristo.

O Papa elenca vários desafios:
- individualismo exagerado (fuga dos compromissos familiares, auto-isolamento, arrogância, dificuldade de relacionamento, egoísmo - SOLIDÃO);
- fenômenos migratórios
- negação ideológica da diferença de sexo (ideologia de gênero)
- cultura do provisório
- mentalidade anti-natalidade
- impacto das biotecnologias no campo da procriação
- falta de moradia e de trabalho
- pornografia
- abuso de menores
- atenção às pessoas com deficiências
- respeito aos idosos
- desconstrução jurídica da família (leis que prejudicam a família)
- violência para com as mulheres
- culturas poligâmicas e casamentos "arranjados".
- dependência toxicológica (álcool - drogas)
- enfraquecimento da fé e de práticas religiosas


Estas e outras realidades preocupam e são desafios:

"Não caiamos na armadilha de nos consumirmos em lamentações autodefensivas, em vez de suscitar uma criatividade missionária. Em todas as situações a Igreja sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança.“ (57)
Existem dificuldades, mas não podemos perder a esperança, precisamos desenvolver ações transformadoras.
Pede um esforço responsável e generoso, optando-se pelo matrimônio e pela família, como resposta à graça que Deus nos oferece.
  
Pede que sejamos humildes e realistas (precisamos admitir nossos erros!!!): (36)

-  apresentação do casamento com ênfase quase que exclusiva na procriação;
- falta de um acompanhamento dos jovens casais;
-  apresentação do matrimônio como um ideal teológico e demasiado abstrato.
Tudo isso torna o casamento pouco atrativo.
Diante disso, o Papa alerta que:
“..., aprecia-se que a Igreja ofereça espaços de apoio e aconselhamento sobre questões relacionadas com o crescimento do amor, a superação dos conflitos e a educação dos filhos." (38)
Aconselhamento familiar!


Capítulo III: OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA [58-88]

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família.
Fala da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão e defesa da vida, e da educação dos filhos.
O sacramento do matrimônio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo dum compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos,...” (72)
“Vivida de modo humano e santificada pelo sacramento, a união sexual é, por sua vez, caminho de crescimento na vida da graça para os esposos. ...” (Vida sexual saudável!) (74)
-                  O casal deve estar aberto a gerar filhos.
-                  “os esposos a quem Deus não concedeu a graça de ter filhos podem ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente falando” (80)
-                  “Deste modo, o Criador tornou participantes da obra da sua criação o homem e a mulher, e ao mesmo tempo, fê-los instrumentos do seu amor, confiando à sua responsabilidade o futuro da humanidade através da transmissão da vida humana.” (81)
-                  “A família protege a vida em todas as fases da mesma,...” (83) – Não ao aborto, não à eutanásia, não à pena de morte! Sim à vida!


Capítulo IV: O AMOR NO MATRIMÔNIO [89-198]

O Papa elenca DIVERSOS CONSELHOS para viver o AMOR COTIDIANO (1 Cor 13, 4-7):
-                  Paciência
-                  Atitude de serviço
-                  Curando a inveja
-                  Não ser arrogante e nem orgulhoso
-                  Amabilidade
-                  Desprendimento

- Sem violência interior
- Perdão
- Alegrar-se com os outros (não desejar o fracasso do cônjuge)
- Tudo desculpar
- Confiar
- Esperar
- Tudo suportar

Crescer na caridade conjugal (palavras-chave):
-                  A vida toda, tudo em comum
-                  Alegria e beleza da vida conjugal
-                  Casar-se por amor
-                  Amor que se manifesta e cresce
-                  Diálogo

Amor apaixonado (palavras-chave):
-                  O mundo das emoções
-                  Deus ama a alegria dos seus filhos
-                  A dimensão erótica do amor
-                  Sem violência e manipulação
-                  Matrimônio e virgindade/celibato (os casais não devem se recusarem – embora existam situações excepcionais).

Em resumo: o capítulo IV se trata de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso que cuida de descrever o amor humano em termos absolutamente concretos, opondo-se a meros idealismos e fantasias.

Diz o Papa:
“não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”. (122)

“Na história dum casal, a aparência física muda, mas isso não é motivo para que a atração amorosa diminua. Um cônjuge enamora-se pela pessoa inteira do outro, com uma identidade própria, e não apenas pelo corpo, embora este corpo, independentemente do desgaste do tempo, nunca deixe de expressar de alguma forma aquela identidade pessoal que cativou o coração.” (164)


Capítulo V: O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO [165-198]

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor.
Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai.
Fala também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento, de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos.
“Nesta família ampla, pode haver pessoas necessitadas de ajuda, ou pelo menos de companhia e gestos de carinho, ou pode haver grandes sofrimentos que precisam de conforto. Às vezes o individualismo destes tempos leva a fechar-se na segurança dum pequeno ninho e a sentir os outros como um incómodo.” (187) 
Diz que sogro e sogra não devem ser vistos como “correntes, como pessoas perigosas, como invasores”. (198)

Pede que evitemos maledicências e procuremos integrar no âmbito familiar todos os sujeitos, de forma que ninguém fique isolado.


Capítulo VI: ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS [199-258]

O Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus.
Orienta para a preparação dos noivos para o matrimônio e posterior acompanhamento pastoral.

O Papa pede o acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas.
O Papa se sensibiliza com o sofrimento dos filhos em  situações de conflito.
Reforça que os casais recasados também fazem parte do corpo de Cristo.

Fala da situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas as formas de agressão e violência.
No final do capítulo menciona o tema da perda das pessoas queridas e também da viuvez.
 "Se aceitarmos a morte, podemos preparar-nos para ela. O caminho é crescer no amor para com aqueles que caminham conosco, até ao dia em que <não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor> (Ap.21, 4)"
Não devemos viver eternamente tristes. Devemos nos preparar bem para reencontrar os nossos entes queridos lá no Céu.

O Papa diz que Igreja precisa contribuir para o anúncio do Evangelho às famílias, "o resto é obra de Deus". Pede um esforço evangelizador e catequético dirigido à família (200).

- Pede CONVERSÃO MISSIONÁRIA -  Mais atitudes práticas, voltadas para a solução de problemas reais, ao invés de abordagens meramente teóricas. (201)
- Fazer uma boa preparação para o matrimônio, de acordo com a realidade de cada local, sem afastar o jovem do sacramento. "Interessa mais a qualidade do que a quantidade..." (207)

- São muito úteis os grupos de noivos, palestras sobre variados temas de interesse dos jovens, entretanto, são indispensáveis encontros personalizados. (208)

- O dia dos namorados "é melhor aproveitado pelos comerciantes do que pela criatividade dos pastores." (208)

Alguns Recursos (Como podemos ajudar?):

- Acompanhamento pastoral, antes e após a celebração do sacramento;

- Incentivar os jovens ao acolhimento do dom dos filhos (paternidade responsável);

- Incentivar a espiritualidade familiar (oração e Missa dominical);

- Incentivar os cônjuges a reunirem-se regularmente (crescimento espiritual e solidariedade);

- "Liturgia, práticas devocionais e Eucaristias celebradas para as famílias, sobretudo no aniversário de matrimônio..." (223)

- RECADO AOS NOIVOS: Quando da preparação para o matrimônio, normalmente se preocupa demasiadamente com a festa e outros "detalhes que consomem tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria. (...) Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. (212)

- "O matrimônio é uma questão de amor: só se podem casar aqueles que se escolhem livremente e se amam", por outro lado, não se deve pretender que o cônjuge seja perfeito (217-218)

-  AOS PASTORES: devem animar as famílias a crescerem na fé (confissão frequente, direção espiritual, criar espaços semanais de oração familiar, visitar os lares e promover a oração em família - "A família que reza unida permanece unida" (227)

- À PASTORAL FAMILIAR: "Com o ritmo da vida atual, a maioria dos casais não estará disposta a reuniões frequentes, mas não podemos reduzir-nos a uma pastoral de pequenas elites. Hoje, a pastoral familiar deve ser fundamentalmente missionária, em saída, por aproximação, em vez de se reduzir a ser uma fábrica de cursos a que poucos assistem. (230)


Capítulo VII: REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS [259-290]

O capítulo é todo dedicado à educação dos filhos.
 “Os pais incidem sempre, para o bem ou para o mal, no desenvolvimento moral dos seus filhos.” (259) É uma responsabilidade inevitável.

Educação que envolve vários fatores:
-                  formação ética
-                  o valor da sanção como estímulo (correção amorosa)
-                  o realismo paciente (a formação ética deve ser feita pouco, de acordo com a idade e as capacidades concretas da pessoa (273)
-                  educação sexual (de acordo com a idade e capacidade de cada um, destacando a diferença entre o masculino e feminino / doação mútua – voltada para a plenitude do amor – sem banalizar e empobrecer a relação sexual).
“Frequentemente a educação sexual concentra-se no convite a <proteger-se>, procurando um <sexo seguro>. Estas expressões transmitem uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se.” (283)
-                  a transmissão da fé
-                  a própria vida familiar como contexto educativo.
´    O Parágrafo 261, fala que a obsessão não é educativa; “e também não é possível ter o controle de todas as situações onde um filho poderá chegar a encontrar-se (...). Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia”.


Capítulo VIII: ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE [292-312]

É um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe.
O Papa usa três verbos muito importantes: “acompanhar, discernir e integrar”, os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares.
“Embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos” (291)
Diz o Papa:  “a Igreja deve acompanhar com a tenção e solicitude, os seus filhos mais frágeis...” e compara o trabalho da Igreja, muitas vezes, com o de um hospital de campanha.

Fala da indissolubilidade do matrimônio (292) e pede acolhida e direcionamento para aqueles que não estão numa situação ideal, afim de que possam obter crescimento espiritual à luz do Evangelho, e serem  integrados na comunidade.

Embora muitas pessoas tentem, por inúmeras condições e limitações, não conseguem viver de forma plena o Evangelho. (precisamos de misericórdia).

O Papa destaca que a Igreja de modo algum pode renunciar ao ideal pleno do matrimónio. É importante um esforço pastoral para consolidar o matrimônio e assim evitar as rupturas.
“A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno...” (307).


Capítulo IX: ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR [313-324]

O Papa diz que “a oração em família é um meio privilegiado para exprimir e reforçar a fé”. (318)
Pede que dediquemos pelo menos alguns minutos por dia unidos na presença do Senhor em oração. Que supliquemos à Virgem Maria que nos “proteja com seu manto de Mãe.”
“O alimento da Eucaristia é força e estímulo para viver cada dia a aliança matrimonial como « igreja doméstica »”(318)
“É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele.” (323)

No último parágrafo (325), o Papa afirma:
“Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida”.


CONCLUSÃO GERAL:

Quando se fala de família “não existem simples receitas”, mas é necessário ampliar o olhar e adotar um discernimento que, na medida do possível, reflita cada caso. Porque, escreve o Papa, “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções do magistério”, mas principalmente com o AMOR. A alegria do amor.



Oração à Sagrada Família – Papa Francisco

Jesus, Maria e José,
em Vós contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos.

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculo de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas igrejas domésticas

Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e divisão;
e quem tiver sido ferido ou escandalizado
seja rapidamente consolado e curado

Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes
do caráter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projeto de Deus.

Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém.





Elaborado por: Jeandré C. Castelon 
e-mail: jeandrecastelon@hotmail.com

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Pentecostes: O Nascimento da Igreja Missionária


“Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse continuamente a Igreja. Foi então que a Igreja foi publicamente manifestada diante duma grande multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho entre os gentios, por meio da pregação. Porque é convocação de todos os homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos. ” (CIC - §767)


No dia de Pentecostes a Santíssima Trindade revelou-Se plenamente. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, foi derramado sobre Maria e os apóstolos reunidos no cenáculo de Jerusalém. É o começo do período apostólico. A Igreja Cristã inicia sua trajetória missionária de caráter mundial, no dia de Pentecostes, cinquenta dias após a ressurreição de Jesus, e dez dias depois de sua ascensão ao céu.

O livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, conta-nos que: “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (...) Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. ”

No Batismo recebemos o Espírito Santo, confirmado de forma mais profunda pelo Sacramento da Crisma. Deus, insondável criador de toda as coisas, também sopra o Santo Espírito quando e onde quer.

A tradição nos leva a crer que os apóstolos estavam reunidos no mesmo local da Última Ceia, onde Jesus instituiu a Eucaristia. Maria e os apóstolos estavam na casa de Marcos, autor de um dos quatro Evangelhos. Estavam em casa, estavam em família.


No cômodo superior de uma casa, reunidos no Cenáculo (ampla sala de jantar), como uma única família, surgia a Igreja, missionária pela efusão do Espírito Santo. Desde o início, pelo exemplo de Jesus Cristo, é desígnio de Deus que a Igreja esteja em movimento, que vá ao encontro das pessoas, que se propague a boa nova do Evangelho por toda a parte.


Jesus não permanecia estático, percorria a Galileia e outras regiões da Palestina, deslocava-se até mesmo para além-fronteiras. A obra missionária do Reino foi transmitida para os apóstolos, depois para os discípulos, e desde então, propagada pelo mundo.


Todo batizado é discípulo missionário, convidado a ser sal da terra e luz do mundo, convidado a fazer a diferença. Mas, para isso, como fizeram os primeiros cristãos, é necessário sair do conforto de nossas casas e ir ao encontro das pessoas que precisam de amparo. Muitas vezes não é necessário ir longe, o necessitado pode estar ao nosso lado, pode ser o nosso vizinho.


O Papa Francisco após retornar da viagem ao México, no dia 23 de fevereiro de 2016, comentando a liturgia do dia, destacou que “o Cristianismo é a religião do fazer, não do dizer”. Ou seja, é preciso ser cristão na prática, realizar boas obras, ser útil à comunidade, sem nunca deixar é claro, de acudir a própria família.


Jeandré C. Castelon
Advogado e membro da Pastoral Familiar







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