quarta-feira, 28 de junho de 2017

A Doutrina Social da Igreja no Catecismo da Igreja Católica



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Doutrina Social da Igreja

Imagem: https://goo.gl/e1yEiv


Todos os parágrafos constam no Catecismo da Igreja Católica - CIC

2419. «A Revelação cristã conduz [...] a uma inteligência mais penetrante das leis da vida social» (160). A Igreja recebe do Evangelho a revelação plena da verdade acerca do homem. Quando cumpre a sua missão de anunciar o Evangelho, a Igreja atesta ao homem, em nome de Cristo, a sua dignidade própria e a sua vocação para a comunhão das pessoas, e ensina-lhe as exigências da justiça e da paz, conformes à sabedoria divina.

2420. A Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e social, «quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigem» (161). Na ordem da moralidade, ela exerce uma missão diferente da que concerne às autoridades políticas: a Igreja preocupa-se com os aspectos temporais do bem comum em razão da sua ordenação ao Bem soberano, nosso fim último. E esforça-se por inspirar as atitudes justas, no que respeita aos bens terrenos e às relações socioeconômicas.

2421. A doutrina social da Igreja desenvolveu-se no século XIX aquando do confronto do Evangelho com a sociedade industrial moderna, as suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, o seu novo conceito de sociedade, de Estado e de autoridade, as suas novas formas de trabalho e de propriedade. O desenvolvimento da doutrina da Igreja em matéria econômica e social comprova o valor permanente da doutrina da mesma Igreja, ao mesmo tempo que o verdadeiro sentido da sua Tradição, sempre viva e ativa (162).

2422. O ensino social da Igreja inclui um corpo de doutrina que se vai articulando à medida que a mesma Igreja interpreta os acontecimentos no decurso da história à luz do conjunto da Palavra revelada por Cristo Jesus, com a assistência do Espírito Santo (163). Este ensino torna-se tanto mais aceitável para os homens de boa vontade, quanto mais inspira o procedimento dos fiéis.

2423. A doutrina social da Igreja propõe princípios de reflexão, salienta critérios de julgamento e fornece orientações para a ação:
Todo o sistema, segundo o qual as relações sociais forem inteiramente determinadas pelos fatores econômicos, é contrário à natureza da pessoa humana e dos seus atos (164).

2424. Uma teoria que faça do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade econômica, é moralmente inaceitável. O apetite desordenado do dinheiro não deixa de produzir os seus efeitos perversos e é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social (165).
Um sistema que «sacrifique os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à organização coletiva da produção», é contrário à dignidade humana (166). Toda a prática que reduza as pessoas a não serem mais que simples meios com vista ao lucro, escraviza o homem, conduz à idolatria do dinheiro e contribui para propagar o ateísmo. «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24; Lc 16, 13).

2425. A Igreja rejeitou as ideologias totalitárias e ateias, associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou ao «socialismo». Por outro lado, recusou, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano (167). Regular a economia só pela planificação centralizada perverte a base dos laços sociais: regulá-la só pela lei do mercado é faltar à justiça social, «porque há numerosas necessidades humanas que não podem ser satisfeitas pelo mercado» (168). É necessário preconizar uma regulação racional do mercado e das iniciativas econômicas, segundo uma justa hierarquia dos valores e tendo em vista o bem comum.

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Citações:

160. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 23: AAS 58 (1966) 1044.
161. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 76: AAS 58 (1966) 1100.
162. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 3: AAS 83 (1991) 794-796.
163. Cf. João Paulo II, Enc. Sollicitudo rei socialis, 1: AAS 80 (1988) 513-514; Ibid., 41: AAS 80 (1988) 570-572.
164. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 24: AAS 83 (1991) 821-822.
165. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 63: AAS 58 (1966) 1085; João Paulo II, Enc. Laborem exercens, 7: AAS 73 (1981) 592-594: Id., Enc. Centesimus annus, 35: AAS 83 (1991) 836-838.
166. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 65: AAS 58 (1966) 1087.
167. Cf. João Paulo II, Enc. Centesimus annus, 10: AAS 83 (1991) 804-806; Ibid., 13: AAS 83 (1991) 809-810; Ibid., 44: AAS 83 (1991) 848-849.
168. João PauloII, Enc. Centesimus annus, 34: AAS 83 (1991) 836.


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Alimento para os mais pobres



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Acredito que, mais do que um dever como cidadão, o cuidado para com os mais pobres é um chamado de Deus dirigido a todas as pessoas que possuem condições econômicas, suficientes para a manutenção de sua família e para praticar obras de caridade. Trago sempre na memória um trecho da Carta de Tiago, onde no segundo capítulo, o hagiógrafo declara que a fé sem obras é morta.

“De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras (Tg 2, 14-18).

Dito isso e tomando como base o texto bíblico, é de suma importância que aqueles que possuam alguma coisa, dividam como aquelas que nada têm, mesmo que seja pouco, certamente será suficiente para amenizar, ainda que momentaneamente, uma situação de penúria. É claro que se possível devemos promover os meios necessários para que o indigente melhore sua condição e tenha meios próprios para promover o seu sustento; contudo, “muitas vezes se você não der o peixe ao pobre, ele morrerá de fome muito antes de aprender a pescar”.

Segundo relatórios da ONU, uma pessoa morre no mundo a cada três segundos por causa da fome, o que equivale a 20 pessoas por minuto, 1.200 pessoas por hora e 28.800 pessoas por dia perecendo por falta de alimento. Em contrapartida, estima-se que 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado.

Precisamos partilhar e acabar com o desperdício, fazer chegar o alimento ao faminto. Mesmo que pareça pouco o que podemos fazer, a longo prazo, progressivamente, o resultado será expressivo. É imprescindível toda e qualquer ação de boa-fé em prol dos mais necessitados.

A caridade é mais gratificante para quem a pratica do que para quem a recebe. Infelizmente o ser humano de maneira geral é pouco generoso, inclusive eu. Não é fácil superarmos as barreiras do egoísmo e da falta de caridade, se assim fosse, não haveria fome no mundo. Partilhar é dom de Deus, peçamos a Ele este dom.

“Se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno” (Isaías, 58, 10).  


Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar

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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Martinho Lutero e a Theotókos: Mãe de Deus


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Foi Martinho Lutero que em 1517 deu início à Reforma Protestante, rompendo seus laços com a Igreja Católica. É fato que antes dele aconteceram outras divisões dentro da Igreja que até hoje permanecem, contudo, muito mais ligadas a questões de etnia - especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua e nos costumes -,  como por exemplo a que deu origem à Igreja Maronita no Líbano (com a instituição do Patriarcado próximo do ano 700 d.C.), assim como outras Igrejas de rito oriental, em plena comunhão com a Sé Apostólica, reconhecendo a autoridade do Papa, o líder da Igreja Católica Apostólica Romana. Os protestantes, embora respeitem o Papa como uma importante figura pública, não estão sujeitos à sua autoridade.

Talvez a maior divergência doutrinal existente entre católicos e protestantes diz respeito à interseção e veneração dos santos, que não tem nada a ver com adoração, sendo essa reservada somente à Deus. Outra grande divergência diz respeito ao dogma de “Maria Mãe de Deus”, a Theotókos, solenemente proclamado no Concílio de Éfeso realizado em 431; foram refutados os argumentos de Nestório que defendia ser Maria apenas a mãe do Jesus humano. Nestório tinha dificuldade de compreender que Jesus possui duas naturezas, a divina e a humana, que não se confundem, mas estão unidas na única pessoa do Filho de Deus, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC) resumidamente nos parágrafos de 479 a 483.

Também, segundo a tradição, foi durante o Concílio de Éfeso que surgiu a segunda parte da oração da Ave-Maria: “santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.  Embora haja aqueles que defendem que a segunda parte da Saudação Angélica somente teria sido agregada após o Concílio de Trento (1545-1563). Particularmente, gosto mais da primeira versão.

Embora os protestantes professem que Maria seria somente a mãe de Jesus enquanto homem, o próprio Lutero, pai do protestantismo, reconheceu que Maria é a mãe de Deus, em sintonia com o que ensina a Igreja Católica. Vejamos o que diz, respectivamente, os parágrafos 479 e 495 do Catecismo da Igreja Católica:

“No tempo estabelecido por Deus, o Filho Unigénito do Pai, a Palavra eterna, isto é, o Verbo e imagem substancial do Pai, encarnou. Sem perder a natureza divina, assumiu a natureza humana”.


“Denominada nos Evangelhos "a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe de meu Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)”.

Para aqueles que possam ter dúvidas, cito apenas um dos trechos do livro “Magnificat – O louvor de Maria” escrito por Martinho Lutero em 1522 e disponível para compra no Brasil, onde ele identifica Maria, inúmeras vezes, como a “Mãe de Deus”:

Portanto, a santa mãe de Deus quer dizer o seguinte com essas palavras: nada de todas essas coisas e grandes bens é meu. Aquele que é o único que faz todas as coisas e cujo poder exclusivo atua em tudo fez essas grandes coisas. ... (p. 49).

Portanto, Lutero acreditava e professava que Maria é a Theotókos, ou seja, a Mãe de Deus. Em algum momento da história, provavelmente fruto da divisão existente entre as centenas de milhares de denominações protestantes, penso eu, passaram a professar que Maria, mãe de Jesus – verdadeiro homem e verdadeiro Deus – somente seria mãe do Verbo encarnado, enquanto homem, separando a indivisível unidade de suas duas naturezas, humana e divina, separação que nunca foi aceita pela Igreja Católica e pelo ex-monge agostiniano devoto de Nossa Senhora.

Jeandré C. Castelon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar



Capa e trecho do Livro "Magnificat - O Louvor de Maria" escrito por Martinho Lutero


quarta-feira, 14 de junho de 2017

Casais que cultivam práticas religiosas são mais felizes, diz pesquisa


Casais que cultivam práticas religiosas são mais felizes, diz pesquisa


Estudo de universidade norte-americana aponta a oração como poderoso elemento de vínculo entre homem e mulher



O cultivo de práticas religiosas pode ser determinante na longevidade do relacionamento de um casal, contanto que as façam juntos. É o que diz uma pesquisa recente do Institute for Family Studies (IFS), entidade norte-americana que trabalha com pesquisas comportamentais sobre temas de família.
Segundo o IFS, rezar unidos, lado a lado e com frequência diz muito sobre a qualidade do relacionamento. O doutor Bradford Wilcox, um dos responsáveis pelo estudo diz que isso deve ao fato de que a fé compartilhada é um poderoso elemento de vínculo entre homem e mulher e a oração é, tradicionalmente, a melhor forma de manter viva a experiência religiosa. “Vimos que casais que vão à igreja juntos e que, ainda mais, rezam juntos alcançam níveis altos de qualidade do relacionamento, disse Wilcox, que é diretor do National Marriage Project da Universidade da Virgínia e autor de vários estudos envolvendo religião e casamento. A entrevista foi concedida ao site Deseret News.
De acordo com o estudo, casais que rezam juntos pelo menos uma vez por semana são 17% mais propensos a se considerarem “muitos felizes juntos”. Wilcox diz notar também um “poder ritualístico na oração que dá sentido de comunhão ao relacionamento, de estar unidos de uma maneira mais profunda e intensa”. Para os pesquisadores trata-se de “um símbolo de comprometimento mútuo”.
No entanto, se apenas um dos dois vai à igreja, isso não apresenta nem benefícios nem riscos para a relação, mas há grandes diferenças dependendo se é ele ou ela quem frequenta os cultos.

Os pesquisadores perceberam que são mais felizes os casais em que ambos frequentam a igreja ou aqueles em que apenas o homem frequenta. Quando apenas a mulher vai à igreja, o grau de felicidade cai, ficando abaixo até mesmo dos casais em que nenhum dos dois frequenta a igreja.
A sua pesquisa revelou ainda que:
– 78% dos casais que regularmente vão à igreja juntos, ou nos quais apenas o homem vai, consideram-se muito ou extremamente felizes.
– Dois terços dos homens e mulheres em relacionamentos nos quais nenhum vai à igreja dizem-se felizes.
– 59% dos casais em que a mulher vai sozinha à igreja se dizem muito felizes.
Os benefícios da prática religiosa regular vão ainda além do nível de satisfação com o próprio relacionamento. Os dados mostram que casais que vão regularmente à igreja são menos propensas a ter filhos fora do casamento ou envolverem-se em casos de infidelidade.
As redes de amizades, comuns nesses ambientes, também contribuem para o fortalecimento de modos de vida que respeitem determinados valores morais, além de se tornarem ambientes acolhedores em momentos difíceis. Os pesquisadores dizem que casais que frequentam esses círculos de amizade são mais propensos a estar disponíveis quando alguém perde o emprego, tem problemas no casamento ou perdem um ente querido. “Isso é verdade, seja você religioso ou não. Se os seus amigos conhecem a sua esposa e os amigos dela, você tende a permanecer fiel a ela.”
Quanto à constatação de que casais nos quais a mulher vai sozinha à igreja são menos felizes, Wilcox tem algumas teorias. Pode ser que mulheres com dificuldades no relacionamento costumem procurar alguma igreja, então elas já estariam menos felizes antes de ir à igreja. É também possível que as mulheres que vão à igreja vejam os seus amigos indo com os seus parceiros e percebam que isso beneficia o seu relacionamento e a sua vida, o que as faz se desapontar com a própria relação.
(Via Sempre Família. Colaborou Felipe Koller. Com informações de Deseret News)


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