terça-feira, 25 de agosto de 2015

O casamento, os filhos e o cachorro




Infelizmente, digo com verdadeiro pesar, tenho recebido notícias de muitos casais jovens que, ou estão a ponto de uma separação ou já se separam. É triste, principalmente para as crianças, que normalmente ficam sob os cuidados da mãe e diminuem consideravelmente o contato com o pai. Certo que numa situação de separação dos pais, os filhos são os maiores prejudicados.

É bem verdade que existem os que ainda não tiveram filhos. Há aqueles que terão que disputar a guarda do cachorro, até porque, no Brasil, assim como em outros países (principalmente os mais ricos), nos lares, o número de cães já supera o número de crianças.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) coletados em 2013, mas somente processados e publicados em 2015, de cada cem famílias, 44 possuem cachorros e somente 36 têm crianças até doze anos de idade. Destaca-se que esta estatística diz respeito apenas aos cães, pois, se considerado os gatos e outros animais a diferença é ainda maior.

A diminuição dos índices de natalidade e o aumento da presença de animais de estimação já são comuns em muitos países, onde as mulheres em busca do sucesso profissional, entre outros fatores, preferem um número menor de filhos, ou até mesmo nenhum.  Outras mulheres, simplesmente temem destruir sua beleza física em razão da maternidade.

Acredito que os filhos, principalmente entre os casais mais jovens, não têm sido motivo suficiente para a manutenção do casamento. Mas é um sinal de que os valores familiares precisam ser resgatados. Não dá mais para viver acreditando que tudo é substituível ou pode ser descartado.

A ausência de filhos, por outro lado, talvez contribua para facilitar a dissolução da união conjugal. É mais fácil descartar apenas o companheiro sem precisar manter a dura tarefa (porém muito gratificante) de permanecer como responsável pela criação dos filhos.

A sociedade precisa de casais modelos, que inclusive gerem filhos, até para a manutenção da espécie humana. Estatísticas apontam que a taxa de natalidade no Brasil vem despencando a cada ano, o que preocupa inclusive os economistas, que calculam prejuízo no crescimento econômico.

A preservação dos casamentos é de extrema importância, não só para as famílias de modo particular, mas também para toda a sociedade. Casais bem resolvidos e felizes gerarão filhos confiantes e igualmente felizes, com melhores condições de superarem as adversidades. Então, para aqueles que ainda não se sintam verdadeiramente capazes de construírem uma família e lutarem a cada dia para a sua manutenção, é melhor que fiquem solteiros, pelo menos durante um período necessário até que atinjam o indispensável amadurecimento.

Seria maravilhoso se todos os casais passassem a consertar o que está roto, compreendendo que muitas coisas só precisam de algum pequeno reparo. Que não há necessidade de descarte ou de substituição. Que a família é para sempre. Que não se destrói uma família para começar outra.

Paciência e carinho são doses necessárias para a manutenção da relação. Também é imprescindível que cada cônjuge lute pela felicidade do outro, certo que assim, ambos serão felizes e diminutas as separações. E principalmente, que se aprimore o desejo mútuo de querer permanecer unido à pessoa amada, haja o que houver. Afinal, amor é decisão!

Jeandré C. Castelon
Imagem: http://migre.me/riTfl
Nos Jornais: Gazeta de Toledo / Jornal Hoje 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Família: vida e missão da igreja doméstica


O Papa Francisco, numa catequese sobe o matrimônio em abril de 2015, destacou que Jesus dá início aos seus milagres numa festa de casamento.  Jesus salva a festa! Desta forma Jesus nos ensina que a obra-prima da sociedade é a família: o homem e a mulher que se amam!  Essa é a obra-prima!

Hoje, que cada casal também convide Jesus para participar do seu matrimônio, e que quando surgirem os imprevistos, enfrentando qualquer problema, seja confiante como foi Nossa Senhora, quando disse aos serventes “fazei tudo o que Ele vos disser”. Maria, que é exemplo de fé, sempre confiou, com infinita certeza, que Jesus vem em socorro às dificuldades de cada casal. Quando deixamos Jesus participar da festa, bebemos do melhor vinho, que é incomparável. 

Na primeira Carta aos Coríntios São Paulo compara a Igreja com o corpo humano. Onde Jesus Cristo é a “cabeça”, portanto, é a parte principal. O corpo é a Igreja, onde cada membro, diferente um do outro é responsável por uma função específica. O corpo somos nós. O corpo só funciona bem, quando todos os membros também funcionam bem. Isso quer dizer que a participação de cada membro da comunidade é importante, independente da tarefa que realize.

Ainda, não existe corpo sem cabeça, assim como não existe Igreja, sem Jesus Cristo. A igreja somos todos nós, e mesmo que não nos demos conta a todo instante, Cristo está conosco.

Na Igreja também aprendemos valores que nos acompanharão por toda a vida. Na participação das catequeses, grupos de jovens, pastorais, e tantos outros movimentos, que nos ensinam a ser família, vivenciando experiências junto com outras famílias, que também passam a fazer parte da nossa história.

É importante destacar que a Igreja surgiu em comunidades, que embora pudessem estar inseridas dentro de grades cidades, inicia com pequenos grupos de pessoas, que se reuniam em suas casas, para a proclamação da palavra e para a partilha do pão, entre os que já fossem batizados. Em diversas passagens de suas cartas, São Paulo deixa claro que a Igreja começa dentro das casas. Ainda hoje, em locais onde cristãos são perseguidos (inclusive correndo risco de morte), reúnem-se escondidos dentro de suas casas, ou até mesmos dentro de buracos cavados na terra, mas ainda assim se reúnem.  

Portanto tudo começa dentro de casa. O lar deve ser uma verdadeira Igreja doméstica, que também em nossos dias, precisa ser resgatada. A Igreja doméstica pressupõe a existência de uma família, que mesmo não estando, por motivos diversos, constituída de forma ideal, precisa ser lugar de formação.

É importante que os pais, tios, avós, ou quem forem responsáveis, sejam os primeiros catequistas das crianças. Que caminhem sendo exemplos, mesmo com tantos defeitos, lutem para que cada dia seja melhor que o dia anterior. A caminhada é longa e deve ser constante, mas quando olhamos para trás, percebemos que, talvez distantes ainda daquilo que Deus quer para nós, já não somos mais como éramos antes.

As casas precisam ser lugar de oração, lugar de leitura da Palavra de Deus. Como disse o Papa Francisco: “A fé para ser sã e forte deve alimentar-se constantemente da Palavra de Deus.”.

Na família onde há oração, onde a Palavra de Deus se faz presente, existe paz, existe maior concórdia. E os problemas, quando chegarem serão enfrentados e superados de modo muito especial, pois somos amparados pela Misericórdia de Deus.

Que as crianças em cada lar possam presenciar os pais rezando juntos, ao invés de testemunharem brigas e discórdia.

Que cada lar, possa de fato ser uma verdadeira Igreja doméstica. Que a formação do cristão se inicie dentro de casa, para que quando chegue à Igreja, a formação seja apenas aperfeiçoada e complementada.

Essa responsabilidade cabe aos pais ou responsáveis, que precisam ensinar às crianças o caminho que eles devem seguir, pois assim está escrito do Livro de Provérbios (22, 6): “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar.”.

Acredito que muitos já ouviram uma frase do saudoso São João Paulo II, que disse: “O futuro da humanidade passa pela família!”

Se tivermos uma boa formação que se inicie dentro da família, se de fato nossas casas foram verdadeiras Igrejas Domésticas, teremos melhores cidadãos. Certamente, surgirão muito mais jovens vocacionados ao sacerdócio ou à vida religiosa, bem como teremos melhores cidadãos, profissionais em todas as áreas, inclusive melhores políticos.

Lutemos pelas nossas famílias, independente da condição em que elas estejam! Sejamos cada um de nós fermento, que mesmo proporcionalmente pequenino comparado a todos os outros ingredientes, atinge toda a massa, fazendo crescer de maneira a modificar toda a estrutura. 


Que Deus abençoe a cada um de nós, que Deus abençoe as famílias!

Jeandré C. Castelon



No Jornal: Gazeta de Toledo


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Jugo

Ser livre não é apenas livrar-se das correntes de alguém, mas viver de uma forma que valorize e reforce a liberdade dos outros.
Nelson Mandela

É sabido que os judeus são acostumados desde a tenra idade a estudar, aos 10 anos já tem decorado a Torá, os cincos primeiros livros da bíblia: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio, após essa primeira fase, o Rabino escolhe os que se mostram mais vocacionados, e então esses aprofundam o estudo, e aos catorze decoram o que conhecemos como o antigo testamento, a Bíblia Hebraica.

Em hebraico, a palavra Torá significa ensinamento, instrução. Existe a Torá oral e a Torá escrita, que contém histórias, lições fundamentais e 613 mitzvot[1], além de narrar à história do povo judeu.

Ed René Kivitz em sua série Talmidim, reflexões diárias, disponível no You Tube, série essa que depois virou um livro, explica que esses meninos da segunda fase, nos tempos de Jesus, eram chamados Talmidim, ou seja, seguidores, discípulos, aprendizes do Rabino.

Cada Rabino tem sua interpretação, uma visão, uma compreensão, um entendimento da Torá, dos livros históricos, de sabedoria e todos os profetas, essa interpretação da Torá oral e escrita, isso é chamado, o Jugo do Rabino.

Então veio Jesus. Ora vem Jesus!!!

Inaugurando a proclamação de sua mensagem, o seu ministério, primeiro em um ato extraordinário, ao receber o batismo das águas, também recebe o batismo do amor.

Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse:"Este é o meu Filho amado, em quem me agrado".
Mateus 3.16,17

Jesus de Nazaré vai ao deserto para ser tentado, após refutar todas as não tão óbvias sugestões, ordena a retirada do Maligno, e os anjos vem e o servem. Mateus 4.10,11

O Nazareno começa a anunciar sua mensagem e escolhe então os seus Talmidim[2], os 12, em uma franca referência as 12 tribos.  Agora, porém o Rabino é Jesus e o seu jugo é outro, tem autoridade messiânica, é o jugo da liberdade.

Uma liberdade pelo amor¸ essa liberdade que nos revela nossa verdadeira identidade, a de ser amado pelo Pai, esse mesmo amor derramado por Jesus, não se trata de sermos merecedores ou não, mas de ser agraciados, o dom imerecido, através da ida de Jesus para a Cruz e nas suas próprias palavras: “...eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste." João 17.23

O que antes era um jugo insuportável e demasiadamente pesado, com a Nova Aliança, tornou-se leve e suave.

Aqui merece uma ressalva, esse jugo de liberdade, não se trata de uma liberdade com cinismo, mas com responsabilidade, ser transformado por esse amor, renovados em nosso querer, como bem ensina, Paulo, esse gênio da humanidade: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transforme-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Carta aos Cristãos em Roma 12.2


Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Jesus de Nazaré


João Carlos Leme da Costa
jclemedacosta.adv@hotmail.com
Talmid de Jesus
Junho de 2015




[1] mitzvot: plural de mitzvá, mandamentos divinos
[2] Talmidim: plural, Talmid: singular




segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Semana Nacional da Família e a participação do leigo na Igreja



A Semana Nacional da Família é celebrada entre os dias 09 e 15 de agosto, em todo o Brasil. A Igreja Católica com a ajuda dos fieis leigos, em cada uma de suas paróquias espalhadas por todo o território nacional promove palestras, encontros e outras atividades de formação, contando com a participação de toda a comunidade. São abordados diferentes temas em cada dia de encontro, mas sempre com o objetivo de fortalecer a família, que é a principal célula da sociedade.

Bastante relevante é destacar que a Igreja clama a participação dos leigos em todas as atividades da Igreja. Desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), em muitos documentos a Igreja vem destacando a fundamental importância do envolvimento da comunidade em assuntos que por muito tempo cabiam apenas à autoridade eclesial. Obviamente se mantém a hierarquia dos membros do clero, representada pelos diáconos, presbíteros (padres) e bispos, sujeitos à autoridade máxima do Papa, bispo de Roma.

Aproxima-se também a etapa final do sínodo da família, que se realiza no Vaticano, com a convocação pelo Papa Francisco da XIV Assembleia Geral que terá como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. 

Dom Bruno Forte, que é secretário especial do sínodo, declarou que a ajuda dos leigos tem sido importante, não só pelos testemunhos dos casais, mas também dos especialistas e convidados. Exorta os leigos a serem verdadeiros protagonistas.

A Igreja, que é a mãe, quer ouvir seus filhos. Milhares de cristãos, espalhados por todo o mundo, foram convidados a responder um questionário com perguntas atinentes à família, que após foram enviados ao Vaticano, para análise.

A Igreja não quer caminhar sozinha. Pelo contrário, deseja que cada fiel seja exemplo de conduta cristã e auxilie no trabalho missionário.

Certamente, durante as celebrações que acontecem em razão da Semana Nacional da Família, os participantes notarão a presença dos leigos, que junto com a Igreja se dispõem a contribuir para o fortalecimento da família, bem como contribuir para com o resgate de valores que devem nortear toda a sociedade.

A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que os guiarão durante toda a vida.”. São João Paulo II



Jeandré C. Castelon



No Jornal: Gazeta de Toledo

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