segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Coparticipantes da criação




Uma criança não deveria ser gerada de qualquer jeito, com qualquer pessoa, sem amor. A Igreja é sábia em sua doutrina, ensina a verdade e cada um com suas inerentes limitações e capacidades tenta viver esta verdade, nem sempre de forma plena, tropeça, cai, levanta e deve seguir em frente.

Meninas de doze anos grávidas sem saber quem é o pai do bebê; crianças abandonadas nas ruas; meninos e meninas criados em ambientes degradantes, onde as chances dos mesmos erros se repetirem são gigantescas; crianças sem perspectiva de futuro, entregues à violência e aos vícios; tudo isso pode ser evitado pelo verdadeiro amor entre um homem e uma mulher, quando maduros e conscientes de suas escolhas optam por viverem juntos pelo resto de suas vidas. E como fruto desse amor, filhos são gerados, verdadeiras testemunhas da sacralidade da união de seus pais. Um filho deveria ser sempre fruto do amor conjugal de seus pais.

No parágrafo 81 da Exortação Apostólica Amoris Laetitia - A alegria do amor -, o Papa Francisco não só destaca a importância do amor conjugal para a transmissão da vida humana, mas também exalta a generosidade divina que permitiu ao homem e à mulher participarem da obra da criação. Diz também que o filho não deve ser encarado com uma dívida, mas sim com uma dádiva, presente Deus. “... o Criador tornou participantes da obra da sua criação o homem e a mulher e, ao mesmo tempo, fê-los instrumentos do seu amor, confiando à sua responsabilidade o futuro da humanidade através da transmissão da vida humana” (AL 81).

Todo ser humano é dotado de corpo e alma. A alma é a parte divina que compõe cada pessoa. Essa alma que vem de Deus retornará para junto do criador, quando, em razão da morte, é separada do corpo. É fundamental nunca esquecer que toda a vida humana possui a centelha divina, possui uma alma. Por mais lastimável que esteja a situação de alguém, ela fora criada à imagem e semelhança de Deus.

A criatura participa da obra da criação ao trazer à luz uma nova vida e preparar-se bem para exercer o papel confiado por Deus de manter viva a espécie humana sobre a Terra é de extrema importância. Se acaso uma nova vida surgir de maneira inesperada, nem por isso deixará de ser um grande presente, uma dádiva, que precisa ser protegida e amada. O ideal seria cada filho vir ao mundo no seio de uma família bem estruturada onde reine o amor entre seus pais, contudo, nem sempre o ideal é alcançado. Para todos os casos o amor não pode faltar, pois somente o amor é capaz de preencher todas as lacunas.

Jeandré C. Castelon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica.




terça-feira, 1 de novembro de 2016

Momento oportuno



Vez ou outra, lembro-me da passagem bíblica em Lucas, onde Jesus está na cruz entre dois malfeitores, um deles zomba de Jesus dizendo: “ Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”; enquanto o outro reconhece no último minuto, o Messias, isento de qualquer pecado, e pede para que se lembre dele quando estiver no seu Reino. Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”.

Muitas pessoas têm o costume de denominar o malfeitor arrependido de ‘bom ladrão’. Fora da Bíblia, em outros escritos, o ‘bom ladrão’ é chamado de Dimas. Conta-nos uma narrativa de cunho popular do primeiro século d.C., que Dimas também teria vindo da Galileia, teria conhecido Jesus desde a infância, sua mãe se chamava Dina e era colega de Maria, mãe de Jesus. Porém, Dimas escolheu a violência, refugiou-se nas montanhas quase como um guerrilheiro e batalhou em vão, junto com outros adeptos, contra a dominação romana.

Nos instantes finais de sua vida Dimas se arrependeu e foi acolhido no Céu. Todas as suas faltas pregressas foram apagadas pela misericórdia divina. Mesmo prestes a morrer, humilhado e já crucificado, certo que o melhor momento de sua vida foi quando esteve ao lado de Jesus, quando teve garantida a salvação eterna. Assim, constata-se que o kairós (momento oportuno, tempo de Deus) na vida de Dimas aconteceu pouco antes dele falecer.

No instante final de nossas vidas talvez não tenhamos o mesmo momento oportuno, assim como teve Dimas, talvez no último instante de nossas vidas não tenhamos a chance de nos convertermos. Então, por via das dúvidas, é melhor que iniciemos ou sigamos agora mesmo com o nosso processo de conversão, buscando o Senhor, já que ele se deixa encontrar, invocando-o, já que está perto (Isaías 55,6). É hoje o nosso momento oportuno! Todo dia é dia de conversão! Não sabemos quanto tempo nos resta, é sensato agirmos agora, voltemo-nos para Deus neste instante.

Reúna-se em família, entre amigos; reze; espiritualize-se; faça o bem e quando errar peça perdão - provavelmente teremos de fazer isso muitas vezes; participe da vida de sua comunidade; congregue na Igreja; aprecie aquilo que Deus nos criou para que nos entretivéssemos enquanto aqui na terra; o momento oportuno é agora; comece hoje; pode ser que amanhã nosso tempo se esgote.

Jeandré C. Castelon
Advogado e teólogo, pós-graduado em Cultura Teológica.



quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A vida em doze semanas: diga não ao aborto!




Com doze semanas de gestação, o coração do bebê bate forte dentro do útero materno.  O bebê é capaz de mexer os bracinhos e os dedinhos das mãos e dos pés, já movimenta a boca e pode piscar os olhos.

Com doze semanas de gestação, o cérebro continua a desenvolver-se; os dedos das mãos e dos pés estão separados; os cabelos e as unhas começam a crescer; os ossos, cada vez mais rígidos; desenvolvem-se as cordas vocais; os genitais externos começam a diferenciar-se; o aparelho digestivo já é capaz de absorver nutrientes; o coração está formado e funciona, bombeando sangue para todas as partes do corpo; a partir da 10ª semana, por meio de um exame de sangue, é possível saber o sexo do bebê, e com o ultrassom, à partir da 18ª semana.

Com doze semanas de gestação, o bebê está formado, a partir de agora o risco de um aborto espontâneo é drasticamente reduzido.

Com doze semanas de gestação, os pais já estão preocupados com as roupinhas, as fraudas, a banheira, o carinho para transportar o bebê, e tantas outras coisas que implicam na chegada de um filho. A expectativa é grande. Os pais derramam sobre o ventre materno todo o seu amor e até, com é muito salutar, conversam com o feto.

Lamentavelmente, existem aqueles que desejam no Brasil, descartar esta nova vida. Existe um projeto de Lei que pretende descriminalizar o aborto dentro das doze primeiras semanas de gestação, e que o aborto seja realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, que o dinheiro público financie o mórbido procedimento.

Madre Tereza de Calcutá, canonizada no dia 4 de setembro de 2016, certa vez disse que o aborto é “ um assassinato direto da criança inocente, assassinato pela própria mãe”, disse também que “o aborto pode ser combatido mediante a adoção”. Quem não quiser as crianças que vão nascer que as entregue à adoção. Falou ainda: “Eis porque o aborto é um pecado tão grave. Não somente se mata a vida, mas nos colocamos mais alto do que Deus; os homens decidem quem deve viver e quem deve morrer”.

Jeandré C. Caselon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica, membro da Pastoral Familiar




terça-feira, 13 de setembro de 2016

Hospitalidade




O capítulo 12 do Evangelho segundo João (1-11) narra o retorno de Jesus a Betânia. Seis dias antes da Páscoa, quando visita novamente alguns de seus amigos (Lázaro, Marta e Maria), só que desta feita, pela última vez. O destino final é Jerusalém onde tudo se fará novo, por sua paixão, morte e ressurreição.

Era costume da hospitalidade do Oriente honrar um hóspede ilustre com água perfumada depois dele se lavar. Maria tomou um frasco de alabastro que continha um perfume muito caro, de puro nardo (planta de onde se extrai um óleo perfumado). Ela não permaneceu inerte, aproximou-se de Jesus e após ungir seus pés, secou-os com os cabelos. Eram os pés do Messias, que em breve seriam cravados na cruz. Maria ungiu o corpo santíssimo de Cristo.

O nardo era um perfume raríssimo, de grande valor, que ordinariamente se guardava em pequenos vasos de boca pequena e apertada. Quebrar um vaso de perfume e derramar o conteúdo sobre a cabeça de alguém, era, entre os amigos, sinal de grande honra e distinção (Mc 14,3 e Mt 26,7). 

Judas Iscariotes presenciou o referido episódio, mas estava com o coração fechado, preocupado com o dinheiro. O perfume era caro, custava 300 denários (um denário, moeda romana de prata, era quanto um operário recebia por um dia de trabalho).

Maria não estava preocupada, sabia escolher a melhor parte, que era estar perto de Jesus, aos seus pés, livre das aflições do mundo.

Assim como fizeram os bons anfitriões em Betânia, recebendo o Senhor com alegria e amor, abramos também as portas dos nossos lares, dos nossos locais de trabalho, dos nossos corações..., e recebamos Jesus. Ofereçamos a Deus aquilo que temos de melhor e mais precioso: nossas vidas, nossas famílias, nossas ocupações, nossos afazeres na Igreja; ou seja, tudo o que temos e tudo o que somos.

Fomos feitos por Deus, a ele pertencemos, e no final de nossa peregrinação retornaremos a ele. Em quanto aqui esperamos, até o dia em que alcançaremos a morada celeste, sejamos hospitaleiros, permitamos que Jesus entre em nossas casas, tenho certeza, ele quer nos visitar.


Jeandré C. Castelon
Advogado e teólogo, pós-graduado em Cultura Teológica.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Setembro é o mês da Bíblia





O Livro do Deuteronômio é o livro indicado para o "Mês da Bíblia" de 2020.  

Lema: “Abre a tua mão para teu irmão”.

Vejamos mais:


No mês de setembro, a Igreja Católica celebra o mês da Bíblia. 30 de setembro é dia de São Jerônimo. Ele foi um grande estudioso da bíblia e a traduziu para linguagem mais simples para que o povo pudesse refletir e entender as escrituras.


Frei Gilvander Luis Moreira, que é assessor da CPT e do CEBI, foi até Unaí no noroeste de Minas Gerais e entrevistou Frei Carlos Mesters, referência na leitura popular da Bíblia. No início do bate-papo , Carlos lembrou que o mês da Bíblia foi uma iniciativa da Arquidiocese de BH que depois se espalhou para todo o Brasil. Para o ano de 2020 a CNBB escolheu o livro do Deuteronômio para leitura, estudo e reflexão. Mesters, em parceria com Francisco Orofino, escreveu um livro com o título; “Revelar o amor de Deus” que será publicado pelo CEBI. Ele lembra a importância deste livro que faz parte do Pentateuco (cinco primeiros livros da bíblia). “O deuteronômio é o livro mais citado no Novo Testamento”, diz Carlos Mesters. Após o fim do Reino do Norte, que foi invadido e destruído pela Assíria, um grupo de pessoas escapou das garras do Rei Assírio e foi para o Reino do Sul na Judeia. Lá eles começaram a pensar e refletir sobre o porquê daquela situação que estavam vivendo, e perceberam que eles deveriam observar melhor a lei de Deus para que o Reino do Sul não caminhasse também para sua destruição. Desta reflexão nasce o livro do Deuteronômio, que etimologicamente significa Segunda Lei.

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A própria Bíblia nos aconselha a conhecer, meditar e viver a Palavra de Deus, que é útil para todas as situações de nossa vida.


Josué 1, 8:

Traze sempre na boca (as palavras) deste livro da lei; medita-o dia e noite, cuidando de fazer tudo o que nele está escrito; assim prosperarás em teus caminhos e serás bem-sucedido.


Lucas 4, 4:

Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus (Dt 8,3).


2 Timóteo 3, 15-17:

E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo.
Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. 
Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra.


Hebreus 4, 12

Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração.


Salmo 118, 105

A vossa Palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos.




“Ler a Sagrada Escritura significa pedir o conselho de Cristo”. 
São Francisco de Assis



terça-feira, 23 de agosto de 2016

“100% JESUS”


Não é a primeira vez que Neymar usa uma faixa na testa com o nome de Jesus. Basta pesquisar na internet e constatar que já quando do título da Copa Libertadores em 2011, Neymar comemorou a conquista com uma faixa que dizia “100% JESUS”.

Novamente o camisa 10 da seleção brasileira de futebol demonstrou muita coragem ao expressar sua fé em Jesus ao mundo todo, ao usar uma faixa idêntica à que usou em outras conquistas, depois da equipe brasileira de futebol consagrar-se campeã olímpica.

Sem demora, passei a deparar-me com várias críticas contra o atleta depois da conquista da inédita medalha de ouro na Olimpíada do Brasil, no que se refere à conduta do jogador, querem que o mesmo se comporte de maneira mais humilde.

Pois é, as pessoas de uma forma geral têm a péssima tendência de exigirem dos outros um comportamento que nem elas são capazes de alcançar. Possuem a mania de exigir um comportamento irrepreensível de quem se declara cristão.

Todos somos pecadores, todos temos nossos defeitos, todos nós precisamos de humildade. A diferença é que a maioria de nós, inclusive eu, não tem a coragem que Neymar teve, expondo-se de tal maneira.

Também ouvi dizeres do tipo: "é pelas reações que se conhece uma pessoa"; referindo-se a uma atitude mais enérgica por parte do jogador após a vitória contra a Alemanha no Maracanã. Sobre isso, lembrei-me da reação de Pedro quando o soldado chegou para prender Jesus: “Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita” (João 18,10). Pedro teve uma reação equivocada, sendo prontamente repreendido por Jesus, e guardou a sua espada. Também nós, muitas vezes erramos e voltaremos a erra muitas vezes. “Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão” (Mateus 7, 5). Não é justo exigir dos outros comportamentos e virtudes, que nós muitas vezes não conseguimos reproduzir.

Quisera eu ter a coragem de propagar o nome de Jesus em todos os lugares da Terra.

Resta-me um questionamento: será que toda essa polêmica teria surgido se o nome de Jesus não tivesse no cerne desta discussão? Atrevo-me a responder: acredito que não!

Jeandré C. Castelon


Imagem: http://migre.me/uKlbm

Palavra de Deus para os cristãos




São Paulo, quando escreve a segunda Carta a Timóteo (3, 15-17), deixa evidente a importância da leitura e reflexão dos escritos bíblicos: “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça.  Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra”.

A diferença entre a “Bíblia católica” quando comparada com a “Bíblia protestante” está no número de livros que compõe o Antigo Testamento, bem como, adições em Ester e Daniel. A Bíblia protestante tem 7 livros à menos no Antigo Testamento e textos suprimidos em Ester e Daniel.

Gostaria de dividir uma experiência particular. Comprei uma Bíblia em uma livraria evangélica. Ela foi publicada pela “Sociedades Bíblicas Unidas” – que tem natureza interconfessional cooperando com diversas confissões cristãs: católica, protestante e ortodoxa – da qual é integrante a Sociedade Bíblica do Brasil, amplamente conhecida no meio protestante. Referida Bíblia é diferente das demais Bíblias protestantes, pois, contém exatamente todos os mesmos livros que integram a Bíblia católica. São os denominados livros “deuterocanômicos”, que no meio protestante comumente são mencionados como “apócrifos” (1º Macabeus, 2º Macabeus, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Baruc). Acrescento que, o texto completo desta edição da Bíblia é aprovado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Acredito que muita gente não sabe da existência desta edição da Bíblia, eu mesmo demorei a saber.

O porquê de escrever sobre referida experiência?


Respondo: para que católicos e evangélicos encontrem cada vez mais pontos comuns. Para que discussões tolas e sem fundamentos deixem de existir. Para mostrar a relevância dos livros deuterocanônicos, que infelizmente muitos não têm acesso. Porque acredito que não deveria haver distinção entre “Bíblia católica” e “Bíblia protestante”.


Jeandré C. Castelon




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Bíblia: Judaica, Católica e Protestante



Por muito tempo eu pensei que “Torá” era o nome da Bíblica Judaica, quando na verdade, trata-se apenas dos cinco primeiros livros da Bíblia – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio –, ou seja, o Pentateuco.  A Bíblia Judaica é a Tanak, que reúne três grupos de livros denominados de Torá (Pentateuco), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos).

A Bíblia Protestante abarca os mesmos livros contidos na Bíblia Judaica, no texto do Antigo Testamento (39 livros). O Novo Testamento traz o mesmo número de livros (27) tanto para católicos, como para protestantes. A diferença é que para os católicos o Antigo Testamento desde os primeiros séculos do cristianismo é composto por 46 livros. Após a reforma protestante do século XVI, que teve como seu maior expoente Martinho Lutero, os reformadores resolveram permanecer com o cânon do Novo Testamento igual ao dos católicos e o cânon do Antigo Testamento igual ao dos judeus. Por mais de mil anos os cristãos tiveram na Bíblia a mesma quantidade de livros.

Assim sendo, a diferença existente entre a Bíblia Católica e a Protestante está na quantidade de livros que compõem o Antigo Testamento, 46 e 39 respectivamente. Os 7 livros distintos são: 1º Macabeus, 2º Macabeus, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Baruc. A Bíblia protestante também não tem algumas partes do livro de Daniel: cap. 3, 24-90 e caps. 13 e 14; e partes do livro de Ester: cap. 10, 4 até o cap. 16.

Em resumo: a Bíblia Judaica contém 39 livros (somente do Antigo Testamento); a Bíblia Católica contém 73 livros (46 do Antigo Testamente e 27 do Novo Testamento); a Bíblia Protestante possui 66 livros (39 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento). À exceção dos citados 7 livros e dos trechos de Ester e Daniel, protestantes e católicos compartilham os mesmos textos da Sagrada Escritura.

Embora católico e defensor da canonicidade dos 73 livros, verdadeiramente inspirados por Deus, entendo que maior do que as divergências de conteúdo, deve ser o interesse por conhecer, saborear e pôr em prática as exortações que ao longo dos séculos vêm transformando a vida de seus leitores. “... Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque «a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos»” (Dei Verbum - 25).

Jeandré C. Castelon

Advogado, pós-graduado em Cultura Teológica.




sexta-feira, 1 de julho de 2016

“Como eu era antes de você” e o suicídio assistido




Não. Eu não gostei do final do filme. No final o mocinho morre, não de forma heroica ou natural, mas porque assim decidiu, sem nenhum propósito altruísta, simplesmente pelo desejo pessoal, digo até egoísta, de apagar da face da Terra a sua existência. O protagonista viaja para a Suíça com o objetivo de ser ajudado a realizar livremente os procedimentos para a sua morte.

Fora das telas do cinema, na Suíça é permitindo que entidades ofereçam estrutura para a realização do mórbido procedimento, tornando o país famoso no mundo pelo “turismo da morte”. Pessoas de diferentes países viajam para a Suíça com o fim último de ceifarem a própria vida. Obviamente que o processo é oneroso e os pacientes desembolsam altas somas para poderem ter acesso ao procedimento fúnebre.

No desenrolar do enredo tem-se a impressão que o ator principal, preso a uma cadeira de rodas, tetraplégico, encontra em um novo amor forças para continuar lutando pela vida e a esperança de dias melhores. Mas não é o que ocorre. A família sofre com a decisão, a mãe não aprova, está entre aqueles que não apoiam tal atitude, contudo, há os que defendem que a livre vontade de pôr termo à vida deva ser acatada.

Entendo que a vida deve ser respeitada em toda e qualquer situação, desde a concepção até a morte natural. A defesa da vida, além de tudo, também é um princípio cristão. É claro que pessoas doentes ou com alguma deficiência precisam e merecem tratamento digno. Devem ser amparadas para que possam ter uma vida com a qualidade tão normal quanto for possível. “Descartá-las”, como se fossem um objeto qualquer que não serve para nada, não é a solução.

A vida é uma dádiva. Permitir a eutanásia (quando outra pessoa realizada os procedimentos necessários para a morte do paciente) ou o suicídio assistido (quando o paciente por si só livremente realizada o procedimento, na presença de outras pessoas) é nocivo à humanidade.

Alguns podem questionar: mas você não está passando pelas mesmas dores de quem padece um grave sofrimento? Sim, isso é verdade, não estou. Mas digo que pelo amor que sinto por minha família, não desejo que ninguém encurte seus dias de forma não natural. Quero aproveitar cada momento possível próximo daqueles que, por força de laços familiares ou de amizade, são imprescindíveis.

E você, se pudesse escolher prolongar seus dias sobre a Terra, ficar ao lado das pessoas que ama por mais alguns instantes, não se agarraria a toda e qualquer centelha de vida? A vida é uma dádiva, e não devemos interrompe-la voluntariamente.

Jeandré C. Castelon

Advogado e Membro da Pastoral Familiar


Imagem: http://migre.me/ufDfC

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Namorar pode ser para sempre




O namoro é um tempo de amadurecimento, indispensável para a preparação da vida matrimonial. As pessoas podem e devem namorar bastante antes de tomarem uma decisão que influenciará o seu futuro: o casamento. Nosso casamento foi celebrado há alguns anos, no dia 11 de junho, data que antecede o dia dos namorados.

Casamento é para sempre, ou seja, "até que a morte os separe" (Gn 2,24; Rm 7, 1-3; Mt 19,6). Casamento é Sacramento, sinal visível da graça invisível de Deus. É um meio de santificação e de salvação para os cônjuges, mesmo que um deles não creia. São Paulo ensina que: “... o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé. ...” (I Cor, 7, 14).

Infelizmente existem casais que não aproveitam de maneira saldável esta época tão especial de preparação. É período de experiência, para saber se de fato os noivos serão capazes de se suportarem, com mútuo apoio e sustentação, fiéis um ao outro, amando-se e respeitando-se, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todo os dias de suas vidas. Namoro pode ser desfeito, casamento não.

Vale lembrar que a indissolubilidade, a unidade, e a abertura à fecundidade, são elementos essenciais do casamento. Sobre à fecundidade o Papa Francisco escreveu que: “...o Criador tornou participantes da obra da sua criação o homem e a mulher, e ao mesmo tempo, fê-los instrumentos do seu amor, confiando à sua responsabilidade o futuro da humanidade através da transmissão da vida humana” (Amoris Laetitia, 81).

Importante destacar que o casamento não está fadado à monotonia, pelo contrário. Muitas das características do namoro precisam ser mantidas durante toda a vida conjugal: o carinho, o afeto, o cuidado com a aparência, as brincadeiras, os sorrisos, a alegria, etc. O casal que além de unido pelo sacramento do matrimônio, mas que nunca deixa de namorar, certamente é mais feliz.

Neste 11 de junho completamos 14 anos, 7 meses e 1 dia de namoro, e celebramos nosso décimo primeiro ano de casamento.

Jeandré C. Castelon
Advogado e membro da Pastoral Familiar


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Resumo da Exortação Apostólica publicada em 08.04.2016 pelo Papa Francisco, sobre "O AMOR NA FAMÍLIA"






“Amoris laetitia” - A alegria do amor


Estrutura:
A exortação é composta por uma pequena introdução e mais IX capítulos, compreendendo 325 parágrafos, terminando com uma Oração à Sagrada Família


Capítulos:

- A alegria do amor
- Capítulo I: À LUZ DA PALAVRA
- Capítulo II: A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS (problemas atuais)
- Capítulo III: OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA (doutrina da Igreja sobre o matrimônio)
- Capítulo IV: O AMOR NO MATRIMÔNIO (aspectos amplos e concretos)
- Capítulo V: O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO
- Capítulo VI: ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS
- Capítulo VII: REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
- Capítulo VIII: ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE
- Capítulo IX: ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR


Introdução: A alegria do amor [1-7]

O Papa agradeceu todas as contribuições recebidas durante o sínodo, sobre as diferentes realidades presentes no mundo.
A Exortação aborda variados temas:
- Palavra de Deus;
- situação atual da família;
- doutrina da Igreja;
- dois capítulos centrais falam de amor familiar;
- caminhos pastorais;
- misericórdia;
- discernimento pastoral em situações que não correspondem plenamente à vontade de Deus;
-  espiritualidade familiar.
Apesar da crise, destaca o Papa, o desejo pela família permanece vivo, principalmente entre os jovens, e isso alegra a Igreja.
Ressaltou a importância do matrimônio.
Pediu unidade e fidelidade à Igreja.


Capítulo I: À LUZ DA PALAVRA [8-30]

A Bíblia fala de família do início ao fim, desde Adão e Eva, até as núpcias da Esposa e do Cordeiro (Ap. 21, 2.9). O Salmo 127(128), 1-6, canta a alegria de uma família que constrói sua casa sobre a rocha, embora haja muitas que estão firmadas sobre a areia.
A partir da Bíblia o Papa tece comentários sobre a figura do homem e da mulher, criados por Deus, à sua imagem, unidos numa só carne, capazes de gerar vida (filhos). Esta comunhão de pessoas reflete, a imagem da união entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O Papa cita inúmeros episódios bíblicos de sofrimento, de maldades, de violências, que dilaceram a vida da família prejudicando sua comunhão de amor.
Francisco diz que: "... a Palavra de Deus não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do cominho, ...“ (22).
"A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito." (29)


Capítulo II: A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS [30-57]

É preciso olhar para a realidade atual da família, permanecendo fiel aos ensinamentos de Cristo.

O Papa elenca vários desafios:
- individualismo exagerado (fuga dos compromissos familiares, auto-isolamento, arrogância, dificuldade de relacionamento, egoísmo - SOLIDÃO);
- fenômenos migratórios
- negação ideológica da diferença de sexo (ideologia de gênero)
- cultura do provisório
- mentalidade anti-natalidade
- impacto das biotecnologias no campo da procriação
- falta de moradia e de trabalho
- pornografia
- abuso de menores
- atenção às pessoas com deficiências
- respeito aos idosos
- desconstrução jurídica da família (leis que prejudicam a família)
- violência para com as mulheres
- culturas poligâmicas e casamentos "arranjados".
- dependência toxicológica (álcool - drogas)
- enfraquecimento da fé e de práticas religiosas


Estas e outras realidades preocupam e são desafios:

"Não caiamos na armadilha de nos consumirmos em lamentações autodefensivas, em vez de suscitar uma criatividade missionária. Em todas as situações a Igreja sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança.“ (57)
Existem dificuldades, mas não podemos perder a esperança, precisamos desenvolver ações transformadoras.
Pede um esforço responsável e generoso, optando-se pelo matrimônio e pela família, como resposta à graça que Deus nos oferece.
  
Pede que sejamos humildes e realistas (precisamos admitir nossos erros!!!): (36)

-  apresentação do casamento com ênfase quase que exclusiva na procriação;
- falta de um acompanhamento dos jovens casais;
-  apresentação do matrimônio como um ideal teológico e demasiado abstrato.
Tudo isso torna o casamento pouco atrativo.
Diante disso, o Papa alerta que:
“..., aprecia-se que a Igreja ofereça espaços de apoio e aconselhamento sobre questões relacionadas com o crescimento do amor, a superação dos conflitos e a educação dos filhos." (38)
Aconselhamento familiar!


Capítulo III: OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA [58-88]

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família.
Fala da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão e defesa da vida, e da educação dos filhos.
O sacramento do matrimônio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo dum compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos,...” (72)
“Vivida de modo humano e santificada pelo sacramento, a união sexual é, por sua vez, caminho de crescimento na vida da graça para os esposos. ...” (Vida sexual saudável!) (74)
-                  O casal deve estar aberto a gerar filhos.
-                  “os esposos a quem Deus não concedeu a graça de ter filhos podem ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente falando” (80)
-                  “Deste modo, o Criador tornou participantes da obra da sua criação o homem e a mulher, e ao mesmo tempo, fê-los instrumentos do seu amor, confiando à sua responsabilidade o futuro da humanidade através da transmissão da vida humana.” (81)
-                  “A família protege a vida em todas as fases da mesma,...” (83) – Não ao aborto, não à eutanásia, não à pena de morte! Sim à vida!


Capítulo IV: O AMOR NO MATRIMÔNIO [89-198]

O Papa elenca DIVERSOS CONSELHOS para viver o AMOR COTIDIANO (1 Cor 13, 4-7):
-                  Paciência
-                  Atitude de serviço
-                  Curando a inveja
-                  Não ser arrogante e nem orgulhoso
-                  Amabilidade
-                  Desprendimento

- Sem violência interior
- Perdão
- Alegrar-se com os outros (não desejar o fracasso do cônjuge)
- Tudo desculpar
- Confiar
- Esperar
- Tudo suportar

Crescer na caridade conjugal (palavras-chave):
-                  A vida toda, tudo em comum
-                  Alegria e beleza da vida conjugal
-                  Casar-se por amor
-                  Amor que se manifesta e cresce
-                  Diálogo

Amor apaixonado (palavras-chave):
-                  O mundo das emoções
-                  Deus ama a alegria dos seus filhos
-                  A dimensão erótica do amor
-                  Sem violência e manipulação
-                  Matrimônio e virgindade/celibato (os casais não devem se recusarem – embora existam situações excepcionais).

Em resumo: o capítulo IV se trata de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso que cuida de descrever o amor humano em termos absolutamente concretos, opondo-se a meros idealismos e fantasias.

Diz o Papa:
“não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”. (122)

“Na história dum casal, a aparência física muda, mas isso não é motivo para que a atração amorosa diminua. Um cônjuge enamora-se pela pessoa inteira do outro, com uma identidade própria, e não apenas pelo corpo, embora este corpo, independentemente do desgaste do tempo, nunca deixe de expressar de alguma forma aquela identidade pessoal que cativou o coração.” (164)


Capítulo V: O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO [165-198]

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor.
Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai.
Fala também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento, de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos.
“Nesta família ampla, pode haver pessoas necessitadas de ajuda, ou pelo menos de companhia e gestos de carinho, ou pode haver grandes sofrimentos que precisam de conforto. Às vezes o individualismo destes tempos leva a fechar-se na segurança dum pequeno ninho e a sentir os outros como um incómodo.” (187) 
Diz que sogro e sogra não devem ser vistos como “correntes, como pessoas perigosas, como invasores”. (198)

Pede que evitemos maledicências e procuremos integrar no âmbito familiar todos os sujeitos, de forma que ninguém fique isolado.


Capítulo VI: ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS [199-258]

O Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus.
Orienta para a preparação dos noivos para o matrimônio e posterior acompanhamento pastoral.

O Papa pede o acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas.
O Papa se sensibiliza com o sofrimento dos filhos em  situações de conflito.
Reforça que os casais recasados também fazem parte do corpo de Cristo.

Fala da situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas as formas de agressão e violência.
No final do capítulo menciona o tema da perda das pessoas queridas e também da viuvez.
 "Se aceitarmos a morte, podemos preparar-nos para ela. O caminho é crescer no amor para com aqueles que caminham conosco, até ao dia em que <não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor> (Ap.21, 4)"
Não devemos viver eternamente tristes. Devemos nos preparar bem para reencontrar os nossos entes queridos lá no Céu.

O Papa diz que Igreja precisa contribuir para o anúncio do Evangelho às famílias, "o resto é obra de Deus". Pede um esforço evangelizador e catequético dirigido à família (200).

- Pede CONVERSÃO MISSIONÁRIA -  Mais atitudes práticas, voltadas para a solução de problemas reais, ao invés de abordagens meramente teóricas. (201)
- Fazer uma boa preparação para o matrimônio, de acordo com a realidade de cada local, sem afastar o jovem do sacramento. "Interessa mais a qualidade do que a quantidade..." (207)

- São muito úteis os grupos de noivos, palestras sobre variados temas de interesse dos jovens, entretanto, são indispensáveis encontros personalizados. (208)

- O dia dos namorados "é melhor aproveitado pelos comerciantes do que pela criatividade dos pastores." (208)

Alguns Recursos (Como podemos ajudar?):

- Acompanhamento pastoral, antes e após a celebração do sacramento;

- Incentivar os jovens ao acolhimento do dom dos filhos (paternidade responsável);

- Incentivar a espiritualidade familiar (oração e Missa dominical);

- Incentivar os cônjuges a reunirem-se regularmente (crescimento espiritual e solidariedade);

- "Liturgia, práticas devocionais e Eucaristias celebradas para as famílias, sobretudo no aniversário de matrimônio..." (223)

- RECADO AOS NOIVOS: Quando da preparação para o matrimônio, normalmente se preocupa demasiadamente com a festa e outros "detalhes que consomem tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria. (...) Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. (212)

- "O matrimônio é uma questão de amor: só se podem casar aqueles que se escolhem livremente e se amam", por outro lado, não se deve pretender que o cônjuge seja perfeito (217-218)

-  AOS PASTORES: devem animar as famílias a crescerem na fé (confissão frequente, direção espiritual, criar espaços semanais de oração familiar, visitar os lares e promover a oração em família - "A família que reza unida permanece unida" (227)

- À PASTORAL FAMILIAR: "Com o ritmo da vida atual, a maioria dos casais não estará disposta a reuniões frequentes, mas não podemos reduzir-nos a uma pastoral de pequenas elites. Hoje, a pastoral familiar deve ser fundamentalmente missionária, em saída, por aproximação, em vez de se reduzir a ser uma fábrica de cursos a que poucos assistem. (230)


Capítulo VII: REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS [259-290]

O capítulo é todo dedicado à educação dos filhos.
 “Os pais incidem sempre, para o bem ou para o mal, no desenvolvimento moral dos seus filhos.” (259) É uma responsabilidade inevitável.

Educação que envolve vários fatores:
-                  formação ética
-                  o valor da sanção como estímulo (correção amorosa)
-                  o realismo paciente (a formação ética deve ser feita pouco, de acordo com a idade e as capacidades concretas da pessoa (273)
-                  educação sexual (de acordo com a idade e capacidade de cada um, destacando a diferença entre o masculino e feminino / doação mútua – voltada para a plenitude do amor – sem banalizar e empobrecer a relação sexual).
“Frequentemente a educação sexual concentra-se no convite a <proteger-se>, procurando um <sexo seguro>. Estas expressões transmitem uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se.” (283)
-                  a transmissão da fé
-                  a própria vida familiar como contexto educativo.
´    O Parágrafo 261, fala que a obsessão não é educativa; “e também não é possível ter o controle de todas as situações onde um filho poderá chegar a encontrar-se (...). Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia”.


Capítulo VIII: ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE [292-312]

É um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe.
O Papa usa três verbos muito importantes: “acompanhar, discernir e integrar”, os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares.
“Embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos” (291)
Diz o Papa:  “a Igreja deve acompanhar com a tenção e solicitude, os seus filhos mais frágeis...” e compara o trabalho da Igreja, muitas vezes, com o de um hospital de campanha.

Fala da indissolubilidade do matrimônio (292) e pede acolhida e direcionamento para aqueles que não estão numa situação ideal, afim de que possam obter crescimento espiritual à luz do Evangelho, e serem  integrados na comunidade.

Embora muitas pessoas tentem, por inúmeras condições e limitações, não conseguem viver de forma plena o Evangelho. (precisamos de misericórdia).

O Papa destaca que a Igreja de modo algum pode renunciar ao ideal pleno do matrimónio. É importante um esforço pastoral para consolidar o matrimônio e assim evitar as rupturas.
“A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno...” (307).


Capítulo IX: ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR [313-324]

O Papa diz que “a oração em família é um meio privilegiado para exprimir e reforçar a fé”. (318)
Pede que dediquemos pelo menos alguns minutos por dia unidos na presença do Senhor em oração. Que supliquemos à Virgem Maria que nos “proteja com seu manto de Mãe.”
“O alimento da Eucaristia é força e estímulo para viver cada dia a aliança matrimonial como « igreja doméstica »”(318)
“É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele.” (323)

No último parágrafo (325), o Papa afirma:
“Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida”.


CONCLUSÃO GERAL:

Quando se fala de família “não existem simples receitas”, mas é necessário ampliar o olhar e adotar um discernimento que, na medida do possível, reflita cada caso. Porque, escreve o Papa, “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções do magistério”, mas principalmente com o AMOR. A alegria do amor.



Oração à Sagrada Família – Papa Francisco

Jesus, Maria e José,
em Vós contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos.

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculo de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas igrejas domésticas

Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e divisão;
e quem tiver sido ferido ou escandalizado
seja rapidamente consolado e curado

Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes
do caráter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projeto de Deus.

Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém.





Elaborado por: Jeandré C. Castelon 
e-mail: jeandrecastelon@hotmail.com

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