domingo, 24 de maio de 2015

Que nenhuma ovelha se perca



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Lucas evangelista aponta as dificuldades e as tensões existentes, entre aos cristãos convertidos do judaísmo e os que provinham do paganismo.  Mostra que tanto o judeu convertido, quanto o estrangeiro que segue Jesus possuem igual dignidade. Também dá especial importância à mulher, figura sem relevância social na época. Destaca que Jesus veio para a salvação de todas as pessoas, mas que precisa dar mais atenção a quem está distante, que corre perigo, que está doente, ou seja, para quem precisa de socorro iminente, afim de que ninguém se perca. Embora a temática diga respeito ao Evangelho escrito por Lucas, bastante relevante citar passagem em Mateus, onde Jesus diz: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentesIde e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mateus 9, 12-13).

O capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas, inicia-se relatando o desejo dos publicanos e dos pecadores (pessoas "impuras”, segundo os fariseus), de ouvirem Jesus, de escutarem a Boa Nova. Ao fundo estão os fariseus e os escribas (que conheciam e cumpriam a Lei de Moisés, que se consideravam melhores que os outros, "puros”), criticam a atitude de Jesus que “recebe e come com pessoas de má-vida!” 

Nas três parábolas que seguem no mesmo capítulo (ovelha perdida, moeda perdia e a do filho pródigo), enfatiza-se a alegria de quem ansiava por encontrar o que estava perdido, por salvar quem estava em situação de vulnerabilidade (pessoas que não faziam parte de determinado grupo, que eram excluídas; atenção especial à mulher, que também é destinatária da Boa Nova do Reino de Deus, protagonista da parábola da moeda perdida; bem como o filho pródigo, que vive longe do Pai, que sofre na distância sem amparo e sem dignidade).

As três parábolas revelam que Jesus anuncia a chegada do Reino a todos, independentemente de classe social, do poder econômico, bem como do nível intelectual. Todos compartilham da mesma dignidade, são amados de igual forma pelo Pai, que não quer ver perdida nenhuma de suas “ovelhas”, que busca encontrar cada um daqueles que estão dispersas pelo mundo.

Para os fariseus e escribas (e também para os saduceus, como destaca Mateus), a recompensa não poderia ser dada àquele que está longe da sombra do Templo, àquele que desconhece a Lei ou não a cumpre incondicionalmente. Era difícil que a classe dominante compreendesse que o Bom Pastor, que é misericórdia, pretende a salvação de cada uma de suas ovelhas.

A sociedade judaica via como sinal de maldição a pobreza, a doença. Consideravam-se superiores aos estrangeiros, aos pagãos, que até então não compartilhavam a mesma religião. Consideravam-se salvos, abençoados por Deus. Enquanto os outros eram indignos do Reino.

Observa-se a atitude egoísta, rancorosa e até mesmo raivosa, de quem se julga superior. Não conseguem perceber que Deus perdoa, basta ao pecador arrependido voltar para os braços do Pai, que sempre o acolherá.

Obviamente que, quem já conhece a Deus, vive melhor, vive na graça, já está presente e compartilha das alegrias de uma verdadeira festa. Quem se arrepende e chega no minuto final, mesmo que receba a acolhida, teve por trás todo um percurso de vida mais difícil, carregado de sofrimentos e angústias, que poderiam desde o início terem sido amenizados pela compaixão de Cristo. Então, para quem já conhece o caminho da santidade, cumpre os mandamentos, já participa de alguma forma do Reino de Deus, que será plenamente revelado quando do encontro definitivo com o Pai.

Os fariseus e os escribas não conseguiam compreender que Deus deseja a salvação de toda a humanidade. Que eles já eram privilegiados, pois já “participavam da festa”, “que não estavam apartados do aprisco”, “que já tinham sido encontrados por Deus”. Precisavam apenas olhar para as pessoas que eram marginalizadas, "que estavam do lado de fora, que ainda não faziam parte da festa”, trazê-las para dentro, enxergá-las como seus semelhantes, como pares, como iguais.  

O Reino de Deus é destinado a todas as pessoas, inclusive àquelas que o Evangelho ainda precisa ser transmitido, revelado. Todos somos filhos do mesmo Deus, amados de igual forma, queridos e desejados por Ele. Não importa a condição em que estamos, se sujos e machucados pelo pecado, se perdidos no mundo, se distantes da casa do Pai. Deus quer a cada um de nós, perscruta nossos corações, vê além das exterioridades. Afinal, fomos todos criados à Sua imagem e semelhança. Tudo isso era difícil de ser entendido pelos fariseus e pelos escribas.


Jeandré C. Castelon 

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