quarta-feira, 24 de junho de 2015

A culpa é de quem?




Nunca é fácil admitir nossos erros. Assumirmos a responsabilidade por termos falhado. Pelo contrário, repetidas vezes atribuímos a culpa à outra pessoa. Aconteceu isso, mas se “fulano” tivesse feito diferente não teria acontecido. A culpa nunca é nossa, sempre é do outro.

Esquivar-se de nossos erros e fugir de nossas responsabilidades não é novidade. Adão e Eva também assim fizeram, como revela o terceiro capítulo do Livro do Gênesis. A serpente seduziu Eva, aguçou sua curiosidade, e pelo embuste e certamente muito mais pelo desejo particular, a “mãe dos viventes” provou do fruto da árvore proibida.  Adão por sua vez, sem hesitar, igualmente comeu do mesmo fruto. Os dois foram desobedientes, não observando preceito divino.

Após a transgressão o homem e a mulher foram tomados pela vergonha. É exatamente assim que nos sentimos quando pecamos, especialmente quando somos apanhados, não só por nossa própria consciência, mas pelo olhar de desapontamento e reprovação de um terceiro.

Imediatamente quando questionado sobre o que havia acontecido, o homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”. Foi a primeira lamentação feita pelo homem, até então, Adão não havia se queixado, como se Deus fosse culpado pelos erros cometidos pela criação. Adão não admitiu sua falta. Justificou-se dizendo que a responsabilidade era da mulher. Eva, da mesma forma, disse ter sido enganada, e acusou a serpente.

Nem o homem e nem a mulher tiveram coragem de assumir que falharam. Não reconheceram nem de forma parcial a própria culpa. Procuraram esquivar-se da responsabilidade pelo seu erro. Não foram capazes de admitir: a culpa foi minha!

É mais fácil culpar os outros sem precisar pedir desculpas. Assim não é necessário ficar com o orgulho ferido e admitir as falhas, limitações e imperfeições, inerentes de cada ser humano. Reconhecer os próprios erros e pedir perdão é um grande desafio.

Muitas feridas ficam abertas quando não há reconciliação, quando não se perdoa e não se é perdoado. O primeiro passo é reconhecer-se pecador: “Não consigo ser perfeito, perdoe-me, abraça-me, preciso do seu carinho e da sua compreensão para seguir em paz. Vou esforçar-me para tentar não repetir o mesmo erro”.

O pecado nos afasta de Deus, arranca-nos do paraíso, rouba nossa tranquilidade e as consequências são sempre penosas, seja para nós mesmos ou para quem vive a nossa volta. Deus é todo misericórdia, não devemos ter vergonha de confessar-Lhe nossos erros. Da mesma forma, cunhados à Sua imagem e semelhança, também aos nossos pares, devemos pedir desculpas quando falhamos.

Provavelmente iremos falhar muitas vezes. É preciso calma, a jornada da vida é longa. Reconhecer nossa culpa e pedir perdão é importante. Quando o caminho é percorrido ao lado de Deus e das pessoas que amamos, o jugo é menos pesado, e encontramos alívio diante das aflições.
  

 Jeandré C. Castelon

Imagem: http://migre.me/qqtEu
No Jornal: Gazeta de Toledo

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