“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma.” (I Coríntios 6, 12)
Este versículo escrito por São Paulo aos Coríntios, no
primeiro século da era cristã, resume muito bem o que é realmente ser livre.
Poder fazer tudo o que se quer, sem prejudicar o próximo e nem a si mesmo. Até
porque, embora autônomo no exercício dos desejos, ninguém fica imune às
consequências dos seus atos.
Se o corpo é mal tratado, cedo ou tarde o organismo dará
sinais de fragilidade e suplicará por socorro. Também a família e os amigos
merecem cuidados. Estreitar laços é importante. Igualmente os excessos precisam
ser evitados. É melhor pôr-se vigilante, enquanto há tempo.
Os
afazeres diários também merecem atenção. Não se deve exagerar na carga de
trabalho, nem esquivar-se totalmente dele. De que adianta o labor exaustivo dia
após dia, ano após ano, se o convívio familiar for prejudicado, se não houver
amigos. De que adianta um bom emprego, uma pomposa posição social, se o lar
estiver em ruínas. O trabalho é importante, de fato dignifica o homem, no
entanto, não pode ser o único sentido da vida.
Existem
os que de tanto trabalhar se esquecem de viver. Por outro lado, há também os
que não fazem absolutamente nada, apenas vivem de sugar, como faz um parasita,
os frutos do trabalho alheio. São Paulo em sua segunda carta aos
Tessalonicenses exorta no seguinte: “... soubemos que entre vós há alguns desordeiros,
vadios, que só se preocupam em intrometer-se em assuntos alheios. A esses
indivíduos ordenamos e exortamos a que se dediquem tranqüilamente ao trabalho
para merecerem ganhar o que comer. Vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem”
(cap. 3, 11-13). É prejudicial estar em qualquer lado desses
opostos extremos.
Preocupar-se
com os outros é de suma importância, mas não devemos nos esquecer de nós
mesmos. O cuidado pessoal, sem se entregar aos exageros também é uma forma de
demonstrar amor pelas pessoas com quem nos importamos, já que uma vida
equilibrada e saudável tende a ser mais duradoura, e assim é possível aumentar
a quantidade de momentos felizes compartilhados ao lado de indivíduos imprescindíveis.
Se você ama alguém, cuide de sua saúde, para
que possa permanecer mais tempo com a pessoa amada. O desleixo, a falta de zelo
com o corpo e com a mente, principalmente quando entregues aos vícios e à
promiscuidade, encurtam a vida. Não seja escravo do trabalho ou totalmente
avesso a ele. Mesmo que você não tenha ninguém, que viva absolutamente só,
cuide-se mesmo assim, afinal é possível ser útil, ajudar pessoas, fazer a
diferença na história daqueles que não possuem mais nada, mas que podem
oferecer muito, acrescentar valores impagáveis e ajudar-nos a encontrar o sentido
da vida.
Encontrar
o equilíbrio é um desafio para o homem moderno, que vive submisso e preso a um
sistema que esgota as forças, que suprime o precioso e cada vez mais escasso
tempo, que cumula stress e priva momentos agradáveis. É preciso ser diligente
na busca da felicidade, sendo prudente ao tomar decisões. Afinal de contas: “tudo me é permitido, mas nem tudo convém”.
Jeandré C. Castelon
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Nos Jornais: Gazeta de Toledo / O Paraná / Umuarama Ilustrado