A fé e o pensamento caminham
juntos, é impossível crer sem pensar.
John Stott
Atualmente presenciamos um fenômeno bem palpável e
muito presente no dia a dia da humanidade, a substituição. A imposição de uma
suposta necessidade de substituir, de ter sempre o último modelo, subsistindo no
elemento da descartabilidade.
Tudo se torna descartável, tudo pode ser
substituído, a indústria impõe e reforça esse comportamento. Há divisões e
departamentos nas organizações com um único objetivo de tornar obsoleto o
recém-lançamento. Com ressalvas as reais inovações, empreender esforços em
consertar tornou-se démodé, totalmente
out.
Na esteira dessa cultura a prateleira religiosa é
numerosa e a substituição está, infelizmente, virando regra. A troca de Deus
pelos ídolos do poder, do dinheiro, do lucro, da felicidade, e a mais grave substituição,
a troca de Deus pelo próprio homem, pelo seu ego e seu inestimável orgulho.
Quantos por poder, dinheiro e lucro espezinham
pessoas e varrem suas dignidades da face da humanidade. Pode causar estranheza
quando se fala que pessoas transformam em ídolo a própria felicidade, mas em
detrimento dessa busca praticam atrocidades para alcançar o que entendem ser felicidade.
Tem agora, a idolatria do corpo perfeito, a doentia busca de atingir o
inatingível, usando academia e clínicas de estética e de cirurgia plástica como
verdadeiros templos da insanidade.
Todavia a mais grave, ainda é a troca de Deus pelo
próprio homem.
Joseph Ratzinger ilustra bem essa realidade exemplificando
com a história de dois homens, o fariseu e o publicano, no evangelho de Lucas
18,9-14, é bom frisar que o texto sagrado primeiro fala e se dirige a sua
época, ao povo ali e naquele momento, para depois falar ao futuro.
Dois modos distintos de se situar perante Deus e
perante si mesmo. O fariseu não olha para Deus, mas apenas para si mesmo, se
vangloriando de suas próprias virtudes, se orgulhando de si mesmo, não há
nenhuma relação com Deus, pois ele por si mesmo faz tudo corretamente. Deus é,
em última instância, dispensável, basta esse homem e apenas sua própria ação, apenas
o seu próprio braço forte.
O publicano, por sua vez, olha para si a partir de
Deus. O seu olhar é pelo prisma de Deus e a partir daí abre o olhar sobre si
mesmo. Deste modo ele sabe que precisa D’ele, sabe que precisa da graça e
misericórdia, e que diante dessa misericórdia ele aprenderá a ser ele mesmo
misericordioso e assim se tornar semelhante a Deus, ainda que isso seja um
horizonte muito distante.
O publicano precisa do Deus e, porque O conhece vive
uma relação de ser agraciado, sempre precisará da oferta do perdão, aprendendo também
a perdoar, sendo livre pela oferta do perdão.
Só esse Deus a quem Jesus de Nazaré chama de Pai
mostra quem realmente nós somos, e a partir dessa descoberta, a completa
aceitação de quem somos nesse Deus, e da exploração do nosso real potencial na
Graça, pela ação do Espírito Santo. Até porque, como bem alerta Ed René Kivitz:
“Quem não crê na ação do Espírito do
Santo o Cristianismo não passa de uma filosofia de vida”.
Jesus liberta da religiosidade, da paralisação do
moralismo e transporta para um contexto de uma relação de amor. Uma experiência
pessoal, real e direta com Deus!
Por isso, prezados, alimente-se da Palavra e nutra
esse relacionamento, estabeleça essa reconciliação com o único Deus, esse a
quem Jesus chama Aba, Pai.
O oposto da fé não é
incredulidade, mas idolatria. Papa
Francisco
Texto escrito por:
João
Carlos Leme da Costa
jclemedacosta.adv@hotmail.com
Advogado
Imagem: http://migre.me/qzeyT |
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