Atrevo-me a percorrer
por um caminho bastante espinhoso, o da política, tendo como amparo e
encorajamento palavras do Papa Francisco, explicitamente pronunciadas: “Envolver-se
na política é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos, não podemos
fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Temos de nos meter na política,
porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem
comum”.
Quando mais jovem fui
atraído pelo discurso revolucionário de oposição proferido pelo Partido dos
Trabalhadores-PT. Parecia ter sido encontrada a solução para resolver os
problemas do Brasil. O discurso até hoje é atrativo, capaz de fisgar todo o
tipo de pessoa, inclusive os mais brilhantes intelectuais, até porque, contra
ideologias não há argumento.
Eu votava em
candidatos do PT, até que em determinado momento comecei a me dar conta de que
muitas medidas que desfavorecem a família formam justamente tomadas no período
em que governava o país. Descobri também que o PT é o maior partido defensor da
legalização do aborto, prática humanicida, que contraria o preceito basilar do
direito à vida.
Sob a escusa de
promover “um Brasil de mulheres e homens livres e iguais” na página 82, das
Resoluções do 3º Congresso do PT ocorrido em 2007, foi aprovado o texto que
inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização
do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço
público”.
Não se engane, quem
se filia ao PT para concorrer a um cargo eletivo está obrigado a assinar o
“Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista”, que indica que todo
o candidato está previamente de acordo com as normas e resoluções do partido, “em
relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT,
art. 140, §1º), sob pena de sofrer punições “que poderá ir da simples
advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (§2º,
do mesmo artigo).
Seguindo a mesma
corrente, algo similar acontece com outros partidos de esquerda (PSOL, PCdoB,
PSTU – que são favoráveis à legalização do aborto no Brasil). Também o PV prevê
em sua agenda a luta pela descriminalização do aborto.
Quanto aos políticos
que pertencem a outros partidos, os de direita por exemplo, podem até ser
favoráveis a descriminalização do aborto por convicção própria, mas não por
obrigação partidária. No caso em questão, ao contrário, todo político filiado
ao PT está comprometido com as suas resoluções, por força do que prevê o seu
Estatuto.
Eventualmente algum
político pró-vida pode ter se filiado a determinado partido sem saber do
compromisso favorável ao aborto, e assim, verificado o engano, deve
desfilar-se.
O candidato eleito é
porta-voz daquele que o elegeu, ou seja, mesmo que indiretamente, significa
dizer que o eleitor compactua com o posicionamento da pessoa que recebeu o seu
voto. Quanto ao eleitor católico, se sabe que o candidato ou o partido
político é favorável ao aborto e, ainda assim vota nele, comete pecado grave,
porque está cooperando conscientemente a favor de um pecado gravíssimo, de
acordo com o que preceitua o §1868 do Catecismo da Igreja Católica.
É dever de todo
cidadão, especialmente dos que defendem a vida humana desde a concepção até a
morte natural, procurar conhecer o pensamento ideológico, princípios e valores
do candidato a ser votado, bem como fiscalizar o seu trabalho e cobrar
posicionamento ético e moral.
Jeandré C. Castelon
Advogado,
pós-graduado em Cultura Teológica
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