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Foi
Martinho Lutero que em 1517 deu início à Reforma Protestante, rompendo seus
laços com a Igreja Católica. É fato que antes dele aconteceram outras divisões
dentro da Igreja que até hoje permanecem, contudo, muito mais ligadas a
questões de etnia - especificidade
sociocultural, refletida principalmente na língua e nos costumes -, como por exemplo a que deu origem à Igreja
Maronita no Líbano (com a instituição do Patriarcado próximo do ano 700 d.C.),
assim como outras Igrejas de rito oriental, em
plena comunhão com a Sé Apostólica, reconhecendo a autoridade do Papa, o líder
da Igreja Católica Apostólica Romana. Os protestantes, embora respeitem o Papa
como uma importante figura pública, não estão sujeitos à sua autoridade.
Talvez a maior divergência doutrinal existente entre
católicos e protestantes diz respeito à interseção e veneração dos santos, que
não tem nada a ver com adoração, sendo essa reservada somente à Deus. Outra
grande divergência diz respeito ao dogma de “Maria Mãe de Deus”, a Theotókos, solenemente proclamado no
Concílio de Éfeso realizado em 431; foram refutados os argumentos de Nestório
que defendia ser Maria apenas a mãe do Jesus humano. Nestório tinha dificuldade
de compreender que Jesus possui duas naturezas, a divina e a humana, que não se
confundem, mas estão unidas na única pessoa do Filho de Deus, conforme nos
ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC) resumidamente nos parágrafos de 479
a 483.
Também, segundo a tradição, foi durante o Concílio de Éfeso
que surgiu a segunda parte da oração da Ave-Maria: “santa Maria Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”. Embora haja aqueles que defendem que a
segunda parte da Saudação Angélica somente teria sido agregada após o Concílio
de Trento (1545-1563). Particularmente, gosto mais da primeira versão.
Embora os protestantes professem que Maria seria somente a
mãe de Jesus enquanto homem, o próprio Lutero, pai do protestantismo,
reconheceu que Maria é a mãe de Deus, em sintonia com o que ensina a Igreja
Católica. Vejamos o que diz, respectivamente, os parágrafos 479 e 495 do
Catecismo da Igreja Católica:
“No tempo
estabelecido por Deus, o Filho Unigénito do Pai, a Palavra eterna, isto é, o
Verbo e imagem substancial do Pai, encarnou. Sem perder a natureza divina,
assumiu a natureza humana”.
“Denominada nos Evangelhos
"a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do
Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe de meu
Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito Santo como
homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que
o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja
confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)”.
Para aqueles que possam ter dúvidas, cito apenas um
dos trechos do livro “Magnificat – O louvor de Maria” escrito por Martinho
Lutero em 1522 e disponível para compra no Brasil, onde ele identifica Maria,
inúmeras vezes, como a “Mãe de Deus”:
Portanto,
a santa mãe de Deus quer dizer o seguinte com essas palavras: nada de todas
essas coisas e grandes bens é meu. Aquele que é o único que faz todas as coisas
e cujo poder exclusivo atua em tudo fez essas grandes coisas. ... (p. 49).
Portanto, Lutero
acreditava e professava que Maria é a Theotókos,
ou seja, a Mãe de Deus. Em algum momento da história, provavelmente fruto da
divisão existente entre as centenas de milhares de denominações protestantes,
penso eu, passaram a professar que Maria, mãe de Jesus – verdadeiro homem e
verdadeiro Deus – somente seria mãe do Verbo encarnado, enquanto homem,
separando a indivisível unidade de suas duas naturezas, humana e divina, separação
que nunca foi aceita pela Igreja Católica e pelo ex-monge agostiniano devoto de
Nossa Senhora.
Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado em
Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar
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