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Lucas
evangelista aponta as dificuldades e as tensões existentes, entre aos cristãos
convertidos do judaísmo e os que provinham do paganismo. Mostra que tanto o judeu convertido, quanto o estrangeiro
que segue Jesus possuem igual dignidade. Também dá especial importância à
mulher, figura sem relevância social na época. Destaca que Jesus veio para a
salvação de todas as pessoas, mas que precisa dar mais atenção a quem está
distante, que corre perigo, que está doente, ou seja, para quem precisa de
socorro iminente, afim de que ninguém se perca. Embora a temática diga respeito
ao Evangelho escrito por Lucas, bastante relevante citar passagem em Mateus,
onde Jesus diz: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim
os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu
quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos,
mas os pecadores." (Mateus 9, 12-13).
O capítulo 15 do Evangelho
segundo Lucas, inicia-se relatando o desejo dos publicanos e dos pecadores
(pessoas "impuras”, segundo os fariseus), de ouvirem Jesus, de escutarem a
Boa Nova. Ao fundo estão os fariseus e os escribas (que conheciam e cumpriam a
Lei de Moisés, que se consideravam melhores que os outros, "puros”),
criticam a atitude de Jesus que “recebe e come com pessoas de má-vida!”
Nas três parábolas que seguem no
mesmo capítulo (ovelha perdida, moeda perdia e a do filho pródigo), enfatiza-se
a alegria de quem ansiava por encontrar o que estava perdido, por salvar quem
estava em situação de vulnerabilidade (pessoas que não faziam parte de
determinado grupo, que eram excluídas; atenção especial à mulher, que também é
destinatária da Boa Nova do Reino de Deus, protagonista da parábola da moeda
perdida; bem como o filho pródigo, que vive longe do Pai, que sofre na
distância sem amparo e sem dignidade).
As três parábolas revelam que
Jesus anuncia a chegada do Reino a todos, independentemente de classe social,
do poder econômico, bem como do nível intelectual. Todos compartilham da mesma
dignidade, são amados de igual forma pelo Pai, que não quer ver perdida nenhuma
de suas “ovelhas”, que busca encontrar cada um daqueles que estão dispersas
pelo mundo.
Para os fariseus e escribas (e
também para os saduceus, como destaca Mateus), a recompensa não poderia ser
dada àquele que está longe da sombra do Templo, àquele que desconhece a Lei ou
não a cumpre incondicionalmente. Era difícil que a classe dominante
compreendesse que o Bom Pastor, que é misericórdia, pretende a salvação de cada
uma de suas ovelhas.
A sociedade judaica via como
sinal de maldição a pobreza, a doença. Consideravam-se superiores aos
estrangeiros, aos pagãos, que até então não compartilhavam a mesma
religião. Consideravam-se salvos, abençoados por Deus. Enquanto os outros eram
indignos do Reino.
Observa-se a atitude egoísta,
rancorosa e até mesmo raivosa, de quem se julga superior. Não conseguem
perceber que Deus perdoa, basta ao pecador arrependido voltar para os braços do
Pai, que sempre o acolherá.
Obviamente que, quem já conhece a
Deus, vive melhor, vive na graça, já está presente e compartilha das alegrias de
uma verdadeira festa. Quem se arrepende e chega no minuto final, mesmo que
receba a acolhida, teve por trás todo um percurso de vida mais difícil,
carregado de sofrimentos e angústias, que poderiam desde o início terem sido
amenizados pela compaixão de Cristo. Então, para quem já conhece o caminho da santidade,
cumpre os mandamentos, já participa de alguma forma do Reino de Deus, que será
plenamente revelado quando do encontro definitivo com o Pai.
Os fariseus e os escribas não
conseguiam compreender que Deus deseja a salvação de toda a humanidade. Que
eles já eram privilegiados, pois já “participavam da festa”, “que não estavam
apartados do aprisco”, “que já tinham sido encontrados por Deus”. Precisavam
apenas olhar para as pessoas que eram marginalizadas, "que estavam do lado
de fora, que ainda não faziam parte da festa”, trazê-las para dentro,
enxergá-las como seus semelhantes, como pares, como iguais.
O Reino de Deus é destinado a
todas as pessoas, inclusive àquelas que o Evangelho ainda precisa ser
transmitido, revelado. Todos somos filhos do mesmo Deus, amados de igual forma,
queridos e desejados por Ele. Não importa a condição em que estamos, se sujos e
machucados pelo pecado, se perdidos no mundo, se distantes da casa do Pai. Deus
quer a cada um de nós, perscruta nossos corações, vê além das exterioridades.
Afinal, fomos todos criados à Sua imagem e semelhança. Tudo isso era difícil de
ser entendido pelos fariseus e pelos escribas.
Jeandré C. Castelon
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