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Todos os anos os católicos
encontram no período da Quaresma uma nova oportunidade de se achegarem ainda
mais perto do colo de Deus, que sempre está de braços abertos à espera da
aproximação dos seus filhos. Deus ama e acolhe todas as pessoas,
independentemente do estado em que se encontram. Sempre há misericórdia.
Evocativos ao tempo
em que Jesus jejuou no deserto, a Quaresma dura 40 dias, a partir da Quarta-Feira
de Cinzas até o Sábado de Aleluia, véspera da Páscoa, onde muito mais do que
trocar chocolates, celebra-se a ressurreição de Cristo. É importante destacar
que durante o período quaresmal não são contados os domingos para o cômputo dos
40 dias. Excluem-se da contagem seis domingos. Domingo sempre é o dia do
Senhor, dia de estar com a família, dia de encontros e alegria, não se jejua no
domingo.
Na Quarta-Feira de
Cinzas os católicos recebem durante a Missa as cinzas obtidas da queima dos
ramos abençoados no ano anterior, na celebração do Domingo de Ramos. Traça-se o
sinal da cruz na testa do fiel com as cinzas
umidificadas com água benta, ou derrama-se uma pequena porção sobre a cabeça,
proferindo-se uma das seguintes locuções: “lembra-te que és pó e que ao
pó voltarás” ou “convertei-vos e crede no evangelho”.
Recordo-me quando
adolescente, em uma Missa de Quarta-Feira de Cinzas, onde o celebrante,
Monsenhor José Dantas, na Paróquia, hoje Santuário, Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro em Umuarama-PR, convidava toda a assembleia a ler o Livro de Jó, refletindo
os acontecimentos ocorridos com o protagonista. Chegando em casa, folheando a
Bíblia constatei que o livro tem 42 capítulos, o que naquela época me
desmotivou, bastava ter sido um pouco mais organizado e ter lido um capítulo
por dia, que mesmo antes de findar a Quaresma teria concluído a leitura,
afinal, matematicamente da Quarta-Feira de Cinzas ao Sábado de Aleluia são 46
dias. O livro foi lido por mim muito tempo depois.
Jó é o maior exemplo
de resistência ante às dificuldades que poderão ser enfrentadas durante a vida.
Jó, mesmo na imensa dor, permaneceu fiel a Deus, e Deus sempre esteve ao seu
lado. Deus não manda sofrimento à humanidade, mas porque Ele permite que
soframos é um grande mistério.
Além de abster-se de
comer carne vermelha (mais precisamente, carne de qualquer animal de sangue
quente) na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, aproveitemos essa
nova oportunidade para reflexão e um novo encontro com Deus, para tanto, como
fez o Padre Dantas naquela Missa, convido-os a lerem e meditarem a mensagem
contida no Livro de Jó.
Jeandré C. Castelon
Advogado, pós-graduado
em Cultura Teológica e membro da Pastoral Familiar
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