Quando
ainda era estudante no segundo grau, hoje ensino médio, minha professora de
história, que lamentavelmente não me recordo o nome, ensinou-me que na época da
escravidão no Brasil (1530-1888), era comum os escravos morrerem de “banzo”.
A
morte era a última e mais grave consequência causada pelo terrível processo
psicológico sofrido pelos escravos, transportados como mercadoria dentro do
porão dos navios, de um continente a outro em condições degradantes, e os que
sobreviviam à torturante viagem, não encontravam melhor sorte quando
forçosamente desembarcavam na nova pátria. No início o banzo se caracterizava
por forte excitação, seguido de ímpetos de
destruição, e depois de uma nostalgia e tristeza profundas, podendo culminar
com a morte.
Embora eu não seja capaz de afirmar com absoluta certeza, possivelmente
esses foram os primeiros casos de morte causadas por intensa tristeza de que
temos registro aqui no Brasil.
A tristeza encurta nossos dias, enquanto a alegria os
prolonga. Essa máxima faz parte do saber humano desde muito antes da Era Cristã.
No Livro do Eclesiástico (30, 22-25), escrito aproximadamente 200 anos antes do
nascimento de Jesus, encontra-se importante recomendação, que alerta sobre os
perigos causados pelo sentimento de tristeza e enaltece a alegria: “Não entregues tua alma à tristeza, não
atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do
homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais
longa a sua vida. Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê
firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de
ti, pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma.”
São Paulo quando escreve aos Tessalonicenses (5, 16-18)
exorta à alegria. Pede que todos estejam sempre alegres e permaneçam em oração.
Pede também que haja o que houver, sejamos sempre agradecidos a Deus. A alegria
deve nortear a vida do cristão, mesmo que situações adversas tornem isso mais
difícil. É claro que em alguns momentos da vida passaremos por circunstâncias de
grande aflição, de angustia, de amargura, ou seja, momentos carregados de
intenso sofrimento, situações que precisarão ser enfrentadas, suportadas e principalmente
superadas. Faz parte da vida combater o bom combate, dia após dia, dando um
passo de cada vez.
Acredito que até mesmo para ser feliz seja indispensável
algum esforço, que deverá ser demandado durante toda a peregrinação terrena em
busca da verdadeira alegria. Atualmente quantas pessoas sofrem com a depressão,
que em casos extremos assim como o banzo, também pode levar à morte. Na vida há
muitos obstáculos para a felicidade, mas nenhum deles é instransponível.
Seguramente o que mais atrapalha é quando a pessoa condiciona sua alegria
àquilo que ela não tem. A solução para superar a tristeza é encontrar a justa
medida, e ser alegre com aquilo que se tem, na circunstância em que cada um se
encontre, sem que isso signifique abandonar os sonhos e o anseio por melhores
condições de vida.
Por maior que seja a dificuldade pela qual você possa estar
passando, não desanime, com o tempo toda ferida se cicatriza, busque a alegria,
não entregue sua vida à tristeza, seja feliz, você e sua família merecem.
Jeandré
C. Castelon
Imagem: http://migre.me/rJNV5 |
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