Nunca
é fácil admitir nossos erros. Assumirmos a responsabilidade por termos falhado.
Pelo contrário, repetidas vezes atribuímos a culpa à outra pessoa. Aconteceu isso, mas se “fulano” tivesse
feito diferente não teria acontecido. A culpa nunca é nossa, sempre é do outro.
Esquivar-se
de nossos erros e fugir de nossas responsabilidades não é novidade. Adão e Eva
também assim fizeram, como revela o terceiro capítulo do Livro do Gênesis. A
serpente seduziu Eva, aguçou sua curiosidade, e pelo embuste e certamente muito
mais pelo desejo particular, a “mãe dos viventes” provou do fruto da árvore
proibida. Adão por sua vez, sem hesitar,
igualmente comeu do mesmo fruto. Os dois foram desobedientes, não observando preceito
divino.
Após
a transgressão o homem e a mulher foram tomados pela vergonha. É exatamente
assim que nos sentimos quando pecamos, especialmente quando somos apanhados,
não só por nossa própria consciência, mas pelo olhar de desapontamento e
reprovação de um terceiro.
Imediatamente
quando questionado sobre o que havia acontecido, o homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste
fruto, e eu comi”. Foi a primeira lamentação feita pelo homem, até então, Adão não havia se queixado, como se Deus fosse
culpado pelos erros cometidos pela criação. Adão não admitiu sua falta.
Justificou-se dizendo que a responsabilidade era da mulher. Eva, da mesma
forma, disse ter sido enganada, e acusou a serpente.
Nem
o homem e nem a mulher tiveram coragem de assumir que falharam. Não
reconheceram nem de forma parcial a própria culpa. Procuraram esquivar-se da
responsabilidade pelo seu erro. Não foram capazes de admitir: a culpa foi
minha!
É
mais fácil culpar os outros sem precisar pedir desculpas. Assim não é
necessário ficar com o orgulho ferido e admitir as falhas, limitações e imperfeições,
inerentes de cada ser humano. Reconhecer os próprios erros e pedir perdão é um
grande desafio.
Muitas
feridas ficam abertas quando não há reconciliação, quando não se perdoa e não
se é perdoado. O primeiro passo é reconhecer-se pecador: “Não consigo ser
perfeito, perdoe-me, abraça-me, preciso do seu carinho e da sua compreensão
para seguir em paz. Vou esforçar-me para tentar não repetir o mesmo erro”.
O
pecado nos afasta de Deus, arranca-nos do paraíso, rouba nossa tranquilidade e
as consequências são sempre penosas, seja para nós mesmos ou para quem vive a
nossa volta. Deus é todo misericórdia, não devemos ter vergonha de confessar-Lhe
nossos erros. Da mesma forma, cunhados à Sua imagem e semelhança, também aos
nossos pares, devemos pedir desculpas quando falhamos.
Provavelmente
iremos falhar muitas vezes. É preciso calma, a jornada da vida é longa.
Reconhecer nossa culpa e pedir perdão é importante. Quando o caminho é
percorrido ao lado de Deus e das pessoas que amamos, o jugo é menos pesado, e encontramos
alívio diante das aflições.
Jeandré C. Castelon
Imagem: http://migre.me/qqtEu |
No Jornal: Gazeta de Toledo