Longanimidade é a virtude de quem suporta contrariedades em benefício próprio ou de outra pessoa, uma espécie de abnegação. Isso significa que certamente uma pessoa longânime terá de padecer aborrecimentos e manter-se calado. Não se trata de se submeter à injustas agressões sem procurar escapar delas, acredito que tenha mais a ver com não reagir de forma desproporcional, evitar o conflito, evitar a vingança.
Eu sei que é difícil
sofrer injustiças e é muito mais difícil ter de calar-se quando se está com a
razão. Mas é preciso, por mais que estejamos certos, é preciso calar-se. É
melhor evitar discussões acaloradas, especialmente aquelas que se originam de
forma quase que instantâneas no ordinário da vida, como em uma discussão iniciada
após um desentendimento no trânsito.
Mesmo que estejamos
fazendo a coisa certa, se isso pode de algum modo colocar sua integridade
física ou a de outrem em risco é melhor mudar a direção. O outro pode sofrer
algum tipo de desequilíbrio, pode estar armado, pode ser apenas um covarde, que
de uma forma ou de outra, para sentir-se “honrado” irá utilizar-se de meios
injustos para aplacar sua desordenada consciência. Seja por nós ou pelos outros
o melhor é não brigar, é não xingar, é não se vingar, o melhor é procurar
desvencilhar-se daquela situação, ainda que com um sentimento de desonra, e
entregar tudo nas mãos de Deus. Deixar que Deus faça justiça. Rezar por si
mesmo e rezar pelo outro também.
Todos somos passíveis de
sofrer algum tipo de injustiça. O inocente geralmente paga um alto preço quando
insiste em disputar contra um insensato, talvez até com a própria vida. É
imprescindível procurar evitar situações de conflito, a violência nunca é a
resposta. É preciso recuar, deixar de lado o orgulho ferido para se evitar um
mal maior. Converter-se ao Evangelho é o melhor remédio para o orgulho ferido.
Precisamos ter paciência e
lutarmos para bem suportar contrariedades, peçamos a Deus essa graça, sem nunca
nos cansarmos de fazer o que é bom. Suportar contrariedades, a toda evidência,
é um grande desafio para todos nós.
Jeandré
C. Castelon
Casado,
pai de dois filhos, membro da Pastoral Familiar, advogado, teólogo e professor.
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