Sou Israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. (Rm 11,1)
«Faço-vos
saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado, não o conheci à maneira
humana; pois eu não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por uma revelação
de Jesus Cristo. Ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com
que excesso perseguia a igreja de Deus e procurava devastá-la; e no judaísmo
ultrapassava a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das
tradições dos meus pais.
Mas,
quando aprouve a Deus – que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou
pela sua graça – revelar o seu Filho em mim, para que o anuncie como Evangelho
entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, nem subi a
Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de mim. Parti,
sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
A seguir,
passados três anos, subi a Jerusalém, para conhecer a Cefas, e fiquei com ele
durante quinze dias. Mas não vi nenhum outro Apóstolo, a não ser Tiago, o irmão
do Senhor. O que vos escrevo, digo-o diante de Deus: não estou a mentir.
Seguidamente,
fui para as regiões da Síria e da Cilícia. Mas não era pessoalmente conhecido
das igrejas de Cristo que estão na Judeia. Apenas tinham ouvido dizer: «Aquele
que nos perseguia outrora, anuncia agora, como Evangelho, a fé que então
devastava.» E, por causa de mim, glorificavam a Deus» (Gl 1,11-23).
«São
hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendentes de Abraão?
Também eu. São ministros de Cristo? – Falo a delirar – eu ainda mais: muito
mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, imensamente mais pelos açoites,
muitas vezes em perigo de morte.
Cinco
vezes recebi dos Judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado
com vergastadas, uma vez apedrejado, três vezes naufraguei, e passei uma noite
e um dia no alto mar. Viagens a pé sem conta, perigos nos rios, perigos de
salteadores, perigos da parte dos meus irmãos de raça, perigos da parte dos
pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos da parte
dos falsos irmãos! Trabalhos e duras fadigas, muitas noites sem dormir, fome e
sede, frequentes jejuns, frio e nudez!
Além de
outras coisas, a minha preocupação quotidiana, a solicitude por todas as
igrejas! Quem é fraco, sem que eu o seja também? Quem tropeça, sem que eu me
sinta queimar de dor? Se é mesmo preciso gloriar-se, é da minha fraqueza que me
gloriarei. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que
não minto» (2 Cor 11,22-31).
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