A Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, publicada em 08.04.16, fala
sobre o amor na família, sem introduzir modificações na doutrina da Igreja
Católica, tanto com relação ao matrimônio quanto com relação à instituição
familiar.
O
próprio Papa destacou que, “nem todas as discussões doutrinais, morais ou
pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais”, embora
houvesse um grande debate nos meios de comunicação ou em publicações, estendendo-se
“desde o desejo desenfreado por mudar tudo sem suficiente reflexão ou
fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de
normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões
teológicas”, reiterou o Pontífice.
A Exortação inicia com sete parágrafos
introdutórios, seguidos de nove capítulos e termina com uma oração à Sagrada
Família. No total são 325 parágrafos que abordam diferentes temas: Palavra de
Deus – ensinamentos bíblicos; situação atual da família; doutrina da Igreja;
dois capítulos centrais falam de amor familiar; caminhos pastorais;
misericórdia; discernimento pastoral em relação as dificuldades familiares; e,
espiritualidade familiar.
A partir da Bíblia o Papa tece comentários
sobre a figura do homem e da mulher,
criados por Deus, à sua imagem, unidos numa só carne, capazes de gerar vida.
Esta comunhão de pessoas reflete, a imagem da união entre o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. A Bíblia fala de família do início ao fim, desde Adão e Eva,
até as núpcias da Esposa e do Cordeiro (Ap. 21, 2.9). O Salmo 127(128), 1-6,
canta a alegria de uma família que constrói sua casa sobre a rocha, embora haja
muitas que estão firmadas sobre a areia, sendo justamente estas últimas,
carentes de um olhar mais misericordioso.
Embora o Papa enalteça o amor familiar,
apontando atitudes concretas que ajudam a fortalecer e estreitar laços, unidos
a um crescimento espiritual pautado na reflexão dos textos bíblicos, na oração
e na Eucaristia, Francisco não deixou de citar uma série de desafios a serem
enfrentados pelas famílias: o enfraquecimento da fé e de práticas religiosas; violência;
fenômenos migratórios; cultura do provisório; individualismo exagerado; negação
ideológica da diferença entre os sexos; mentalidade anti-natalidade;
dependência toxicológica, entre outros.
A Exortação Amoris Laetitia é uma grande
catequese bíblica, teológica e social, que ressalta a importância do matrimônio
e da família. O Papa também destaca que, embora exista uma crise, verifica-se
que o desejo pela família permanece vivo, principalmente entre os jovens, e
isso é motivo de grande alegria.
Francisco conclui a Exortação de forma
revigorante, encorajando as famílias a viverem a experiência do verdadeiro
amor, a superarem percalços e seguirem em frente: “Nenhuma família é uma
realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um
progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados
a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites,
e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias;
continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos
limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão
que nos foi prometida”.
Jeandré C. Castelon
Advogado, estudante de teologia e membro
da Pastoral Familiar
No Jornal: Gazeta de Toledo / Jornal Hoje
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