Todos
os anos a Igreja celebra na primeira semana de outubro a Semana Nacional da
Vida (1º a 7 de outubro) e o dia do Nascituro (08 de outubro). Em 2020 o tema
proposto para reflexão é o mesmo abordado pela Campanha da Fraternidade deste
mesmo ano: “Vida: dom e compromisso”. Destaca-se a figura do Bom Samaritano,
que se deparou com um homem que havia caído nas mãos de assaltantes e deixado
quase morto, sentiu compaixão e cuidou dele; bem como destaca-se o exemplo de
Santa Dulce dos Pobres, o “anjo bom da Bahia”, que dedicou sua vida ao cuidado
dos doentes e dos menos favorecidos.
A
Semana Nacional da Vida nos convida a refletir sobre vários temas ligados à
existência humana, desde o seu surgimento dentro do ventre materno, verdadeiro
santuário da vida, até o seu fim natural, percorrendo o caminho da juventude,
direcionando um olhar todo especial para as pessoas idosas, para os doentes e para os profissionais da
área da saúde que dedicam sua própria vida em prol de outras vidas.
Tanto
o Bom Samaritano quanto Santa Dulce dos Pobres rompem a barreira da
indiferença, que faz tanto mal para humanidade. Quando somos indiferentes não
nos importamos com a dor do outro, vamos nos desumanizando.
Se
não enxergamos o próximo ele não tem valor para nós. “Foi o tempo que tu
perdeste com a tua rosa que a fez tão importante”. É preciso gastar tempo com
as pessoas, dar-lhes a devida importância. Foi isso que Jesus fez!
A
indiferença é perigosíssima. Nega a vida presente no ventre materno. Descarta a
pessoa idosa ou debilitada. Abandona os que sofrem à sua própria sorte. É
causadora da miséria. Nada sentimos quando alguém morre por falta da cuidados
médicos, por falta de comida. A indiferença leva à morte.
No
mundo grego, os que nasciam com alguma deficiência física na cidade de Esparta,
por exemplo, eram eliminados.
Antes
do Cristianismo no Império Romano se divulgava a teoria utilitarista da vida. Um ditado romano antigo resume essa
mentalidade: mors tua vita mea. – A tua morte é condição para a minha
vida. Vidas poderiam ser descartadas de acordo com os interesses dos poderosos.
Inspiradas por Jesus Cristo e no
ministério assumido pelos apóstolos, nascem as comunidades cristãs, lugares de acolhida e
de proteção da vida. A partir de então são semeadas as primeiras sementes que florescerão e darão origem aos primeiros hospitais,
orfanatos, leprosários, escolas, e ao amor ao trabalho. A vida é valorizada sem
deixar de lado os mais frágeis.
Neste contexto de valorização da vida, São João Paulo II nos ensina que:
"Este
horizonte de luzes e sombras deve tornar-nos, a todos, plenamente conscientes
de que nos encontramos perante um combate gigantesco e dramático entre o mal e
o bem, a morte e a vida, a ‘cultura da morte’ e a ‘cultura da vida’.
Encontramo-nos não só ‘diante’, mas necessariamente ‘no meio’ de tal conflito:
todos estamos implicados e tomamos parte nele, com a responsabilidade
iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida” (Evangelium
Vitae § 28).
Sem sombra de dúvidas, o cristianismo é o maior promotor da “cultura da vida” e por isso é importante que lutemos para nos tornarmos a cada dia melhores cristãos.
Jeandré C. Castelon
Advogado,
teólogo e membro da Pastoral Familiar.
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