“A Bíblia
aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares,
desde as primeiras páginas onde entra em cena a família de Adão e Eva, como seu
peso de violência, mas também com a força da vida que continua (cf. Gn 4), até às últimas
páginas onde aparecem as núpcias da Esposa e do Cordeiro (cf. Ap21, 2.9)”... é assim que o Papa
Francisco inicia o Capítulo Primeiro, que é todo dedicado às Sagradas
Escrituras, da Exortação Apostólica Amoris
Laetitia, sobre a “Alegria do Amor”.
Setembro é o mês em que a Igreja celebra a
Palavra de Deus: é o mês da Bíblia. E em 2020 o livro especialmente escolhido
para estudo é o livro do Deuteronômio, com o lema “Abre tua mão para teu irmão”
(Dt 15,11).
Segundo o Frei e ilustríssimo teólogo Carlos
Mesters as passagens constantes no Livro do Deuteronômio são citadas 200 vezes
no Novo Testamento, é, a toda evidência, o livro veterotestamentário mais
mencionado na Bíblia pelos hagiógrafos neotestamentários.
De fato, há passagem bíblicas mais edificantes
que outras, há textos que são mais prazerosos de serem lidos do que outros, de
todos os modos relacionar-se com a Palavra de Deus é fundamental para o
cristão.
A Bíblia relata os acontecimentos que vão desde o surgimento da
humanidade (de forma catequética),
percorre o caminho dos patriarcas (Abraão, Isaac e Jacó), passa pelo
período das tribos, dos juízes, pelos reinados de Saul, Davi e Salomão, pela
divisão do reino (Reino do Norte: Israel – Reino do Sul: Judá), pelas deportações,
primeiro do Reino do Norte para a Assíria e depois do Reino do Sul para a
Babilônia; conta-nos ainda sobre o retorno do povo à terra prometida, sobre
a reconstrução do Templo e dos muros da cidade de Jerusalém, bem
como fala da vida e glória de Jesus Cristo, e do desenvolvimento das primeiras
comunidades cristãs. Os livros sapienciais são importantes para a reflexão
e o fortalecimento da fé (Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico).
Concluo trazendo a lume um pequeno trecho
inspirador contido no parágrafo 25 da Constituição Dogmática Dei Verbum, que trata da Revelação
Divina, onde diz: ... Debrucem-se, pois,
gostosamente sobre o texto sagrado,
quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura
espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por
toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada
Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre
Deus e o homem; porque “a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando
lemos os divinos oráculos” (Santo
Agostinho).
Jeandré C. Castelon
Advogado, teólogo e membro da Pastoral Familiar.