A
primeira multiplicação dos pães é o único milagre realizado por Jesus que é mencionado
pelos quatro evangelistas (Lc 9, 10-17 = Mt 14, 13-21 = Mc 6, 30-44 = Jo 6, 1-15).
Obviamente há outros sinais operados pelo Messias, mas como dito, apenas a
primeira multiplicação dos pães é referida por Mateus, Marcos, Lucas e João. A ressureição
de Lázaro, por exemplo, é exclusiva no Evangelho escrito por João, enquanto que
há outros milagres que são comuns entre os evangelistas, aludidos de forma mais
evidente nos Evangelhos sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas –, como a cura da
filha de Jairo, chefe da sinagoga (provavelmente de Cafarnaum) e a cura da
mulher que padecia havia doze anos dum fluxo de sangue.
Nunca
havia pensado nisso antes, mas talvez seja a multiplicação dos pães o milagre
mais importante feito por Jesus, e certamente o único que o ser humano é capaz
de reproduzir, não do modo extraordinario como realizado por Cristo (que alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios), no entanto, de um jeito mais simples, apenas repartindo o pão. Afinal, ele mesmo disse “dai-lhes vós mesmos de
comer”, quando replicou aos apóstolos, de que maneira eles haveriam de
alimentar a multidão que o seguia.
Normalmente
não somos desprendidos ao partilhar os bens e os dons que Deus nos
concede. É comum dividirmos entre os
irmãos, e ainda muito mal, somente aquilo que nos sobra. Como é difícil partilhar
com justiça! Como é difícil partilhar com equidade! Seja pelo sentimento de
egoísmo, seja pelo medo de que nos venha a fazer falta, ou pela ausência de fé
em Deus em prover o sustendo dos homens.
Se
aquele que possui, dividir com alguém que nada tem, nenhum dos dois passará
fome, ambos terão o que comer.
Assim
como um Santo não nasce pronto, mas é forjado ao longo da vida, peçamos a Deus
a graça de pouco a pouco, tornarmo-nos melhores “partilhadores”, confiantes em
sua bondade, tendo fé de que nunca nos há de faltar o necessário para a nossa
existência, e que “o repartir do pão” seja um dos caminhos a percorrer na busca
da conversão à santidade.
Jeandré
C. Castelon
Advogado
e Teólogo, membro da Pastoral Familiar