Não. Eu não gostei do final do filme. No
final o mocinho morre, não de forma heroica ou natural, mas porque assim
decidiu, sem nenhum propósito altruísta, simplesmente pelo desejo pessoal, digo
até egoísta, de apagar da face da Terra a sua existência. O protagonista viaja
para a Suíça com o objetivo de ser ajudado a realizar livremente os
procedimentos para a sua morte.
Fora das telas do cinema, na Suíça é
permitindo que entidades ofereçam estrutura para a realização do mórbido
procedimento, tornando o país famoso no mundo pelo “turismo da morte”. Pessoas
de diferentes países viajam para a Suíça com o fim último de ceifarem a própria
vida. Obviamente que o processo é oneroso e os pacientes desembolsam altas
somas para poderem ter acesso ao procedimento fúnebre.
No desenrolar do enredo tem-se a impressão
que o ator principal, preso a uma cadeira de rodas, tetraplégico, encontra em
um novo amor forças para continuar lutando pela vida e a esperança de dias
melhores. Mas não é o que ocorre. A família sofre com a decisão, a mãe não
aprova, está entre aqueles que não apoiam tal atitude, contudo, há os que
defendem que a livre vontade de pôr termo à vida deva ser acatada.
Entendo que a vida deve ser respeitada em
toda e qualquer situação, desde a concepção até a morte natural. A defesa da
vida, além de tudo, também é um princípio cristão. É claro que pessoas doentes ou com alguma deficiência precisam e
merecem tratamento digno. Devem ser amparadas para que possam ter uma vida com
a qualidade tão normal quanto for possível. “Descartá-las”, como se fossem um
objeto qualquer que não serve para nada, não é a solução.
A vida é uma dádiva. Permitir
a eutanásia (quando outra pessoa realizada os procedimentos necessários para a
morte do paciente) ou o suicídio assistido (quando o paciente por si só
livremente realizada o procedimento, na presença de outras pessoas) é nocivo à
humanidade.
Alguns podem questionar: mas
você não está passando pelas mesmas dores de quem padece um grave sofrimento?
Sim, isso é verdade, não estou. Mas digo que pelo amor que sinto por minha
família, não desejo que ninguém encurte seus dias de forma não natural. Quero
aproveitar cada momento possível próximo daqueles que, por força de laços
familiares ou de amizade, são imprescindíveis.
E você, se pudesse escolher prolongar seus
dias sobre a Terra, ficar ao lado das pessoas que ama por mais alguns
instantes, não se agarraria a toda e qualquer centelha de vida? A vida é uma
dádiva, e não devemos interrompe-la voluntariamente.
Jeandré C. Castelon